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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
07 de fevereiro de 2008
N° 15503 - Nilson Souza
Balão mágico
Visitei São Domingos do Sul no feriadão, sem precisar passar por nenhuma das estradas de poeira vermelha que ligam aquele simpático município do Noroeste do Estado à civilização.
Não fui pelo caminho da Serra, que tanto aprecio, passando por São Vendelino, Bento, Veranópolis, Nova Prata e Paraí. Nem peguei a Estrada da Produção, como fiz tantas outras vezes, batendo ponto em Lajeado, Arroio do Meio, Encantado, Guaporé, Serafina Corrêa e Casca. Fui pelo ar.
Voei no balão mágico do Google Earth - este fantástico instrumento da informática que mistura mapas e fotografias, possibilitando ao viajante virtual excursionar por qualquer parte do mundo sem levantar de sua cadeira.
Meu colega de trabalho Fernando Gomes, com quem compartilho a ligação afetiva de sermos ambos casados com mulheres daquela remota localidade, foi quem me sugeriu a viagem.
Custei a acreditar que os satélites já tivessem fotografado aquela paisagem que tão bem conheço, composta por campos e estradas, plantações de soja, milho e fumo, granjas e chiqueiros, silos metálicos e casas de madeira equipadas com chaminés.
Só de lembrar, sinto o cheiro inconfundível da fumaça dos fogões operando a toda lenha nas manhãs de inverno.
Pois tudo isso estava ao alcance de alguns cliques. Subi ao espaço como Gagarin e mergulhei suavemente na direção do planeta azul, olhos fixos no sul do Brasil.
Na medida em que o solo ia se aproximando na tela do meu computador, fui identificando os nomes familiares das cidades da minha terra, até que me detive no ponto indicado - a luzinha tênue de São Domingos do Sul, onde certa noite vislumbrei a mais bela lua cheia do universo.
Sobrevoei os telhados sem tocá-los, pairando sobre as ruas de pedra, a praça central, a igreja, o campo de futebol e, por fim, sobre a casa simples que já me abrigou por lá tantas vezes.
Nunca imaginei que faria uma viagem dessas, nas asas seguras da tecnologia. Me fez lembrar a primeira - e única - vez que viajei de helicóptero, chacoalhando de Porto Alegre a Pelotas para fazer a cobertura jornalística de uma inundação na Zona Sul do Estado. Naquela ocasião, tremi mais de medo do que de emoção.
Agora voei sem correr risco algum, mas não pude deixar de me emocionar ao ver tão perto e tão nitidamente um lugar que amo, suas plantações e arvoredos, suas ruas estreitas e suas casas com jardins caprichosamente cuidados pelos descendentes de imigrantes italianos e poloneses que lá se fixaram.
Faltou vê-los, ouvir o inconfundível sotaque de suas vozes, cumprimentá-los, abraçá-los. Mas, numa época de estradas cheias, deu para atenuar a saudade.
Como continuo viajando o wirelles tem se comportado maravilhosamente, espero que continue assim. Uma ótima quinta-feira para todos nós.
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