sábado, 1 de dezembro de 2007



02 de dezembro de 2007
N° 15436 - Martha Medeiros


Britney

Ela está fazendo 26 anos hoje, e a impressão que eu tenho é que está se suicidando em público. Essa guria vai morrer em breve

A imprensa séria não se ocupa dela. Logo, quem apenas lê jornais sérios e assiste a programas sérios de TV mal sabe quem é a moça. Mas eu sei. Quer dizer, sei mais ou menos.

Sei que ela é cantora, apesar de eu não conseguir fazer um lalalá rápido de nenhuma de suas músicas. Ignoro de onde ela veio, como surgiu, por que emplacou.

Mas sei que seu nome é Britney Spears e, como não leio e vejo apenas os veículos de comunicação sérios, mas tudo o que me cai no colo, inclusive fofocas, estou verdadeiramente preocupada com essa moça.

Cada vez que abro a página do meu provedor na internet, há uma notícia sobre ela. Uma página de provedor é como uma banca de camelô: tem de tudo ali. E Britney Spears não falta. Ao contrário, sobra. Já ninguém fala nos milhões de discos que ela vendeu no início de carreira.

Agora só se comenta sobre suas entradas e saídas em clínicas de desintoxicação, em suas brigas com paparazzi e em seus divórcios tumultuados - aliás, ela entrou para o Guinness Book por ter tido o casamento mais rápido do mundo: durou 55 horas. O outro durou a eternidade de dois anos.

Mais: fala-se muito sobre a perda da guarda dos filhos, sobre suas aparições sem calcinha, suas bebedeiras em boates, sua apresentação sofrível não sei onde. Fala-se do seu cabelo raspado, do seu cabelo reaplicado, de sua barriga fora de forma, do seu consumismo doentio. Ela não tem sossego - e provavelmente nem quer.

Houve um tempo, não faz muito, em que eu a desprezava justamente por causa dessa superexposição que nada tem a ver com carreira artística, e sim com narcisismo. Só que agora a coisa está fugindo do controle.

Ela é tratada como uma mercadoria mas, puxa, tem alguém dentro daquela embalagem. Ela está fazendo 26 anos hoje e a impressão que eu tenho é que está se suicidando em público. Essa guria vai morrer em breve.

Devo estar em fase de delírio extremo por, aqui em Porto Alegre, Brasil, me preocupar com a vida da Britney Spears, mas fico intrigada por não haver ninguém que tire essa criatura de circulação.

Não serei eu nem você a salvá-la do próximo constrangimento, mas essa loira deve ter uma mãe, uma amiga, um psiquiatra que possa protegê-la dela própria. Será mesmo que tudo isso é apenas uma grande diversão, um bem bolado plano de marketing?

Ok, prometo que na próxima crônica eu voltarei com um assunto mais razoável. Porém, deixe-me concluir: Britney Spears já teve seu momento de big bang: explodiu e formou seu próprio universo.

E agora ruma para o big crunch: está se contraindo, consumindo a si própria, e vai desintegrar-se diante dos nossos olhos.

Não, não pretendo lançar uma ONG, algo como um S.O.S. Britney. Tem gente bem mais perto precisando de ajuda. Mas certas celebridades também me despertam compaixão.

Ótimo domingo excelente início de semana

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