segunda-feira, 7 de julho de 2025


07 de Julho de 2025
ACERTO DE CONTAS - Giane Guerra

Caixa frágil eleva quebra de empresas no RS

O Rio Grande do Sul fechou o primeiro semestre com 92 pedidos de recuperação judicial de empresas, 15% acima dos 80 do mesmo período do ano passado. Já as falências decretadas dispararam 60%, subindo de 30 para 48 registros, conforme os dados da Junta Comercial, Industrial e de Serviços do Rio Grande do Sul (JUCIRS).

No caso das RJs, monitoradas há menos tempo, bateu-se o recorde. Já nas falências, os números eram bem mais elevados por volta de 2005, quando uma atualização na legislação liberou casos represados da época da antiga concordata, lembra o economista Eduardo Vargas. Em 2015, houve a longa recessão brasileira com crises estruturais das empresas e, em 2020, alterações nas normas das recuperações judiciais, aumentando processos de varejo e de agricultores.

Agora, o cenário tem vários fatores que voltam a elevar os números. O juro alto deixa o caixa mais apertado e as dívidas mais difíceis de pagar, principalmente para quem pegou crédito no auge da pandemia, quando a Selic foi reduzida para estimular a economia. Era previsível este ciclo financeiro, que afeta também o agronegócio, que, além do juro baixo, surfava nas altas cotações internacionais dos grãos. Agora, enfrenta estiagens e dívidas que ficaram caras, com preços de venda normalizados.

Um outro ponto observado pela coluna é que a recuperação judicial ficou mais comum, afastando a vergonha que as empresas tinham de recorrer a ela. Ainda assim, há quem questione a necessidade em alguns casos, especialmente para produtores rurais. A RJ substituiu a antiga concordata e tem como objetivo dar fôlego financeiro para que a empresa não quebre. O processo exige cumprimento de prazos, aprovações de credores e diversas autorizações da Justiça.

Criação e extinção

Ainda no primeiro semestre, foram abertas 155 mil empresas no Rio Grande do Sul, número que sempre é bastante inflado pelo registro de microempreendedores individuais (MEI). Fica 25% acima do mesmo período do ano passado. A extinção, porém, subiu mais: 58%. O número saltou para 96 mil, também com peso grande dos MEI. _

Entrevista -  Augusto Gadelha - Presidente da Ceitec

"O bonde do carbeto de silício está chegando"

Estatal de chips que o governo federal quer reativar em Porto Alegre, a fábrica Ceitec (Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada) alinhavou uma parceria com duas empresas chinesas de semicondutores, que podem turbinar a retomada da fabricante gaúcha, que chegou a ter sua extinção encaminhada. Já de volta ao Brasil, o presidente Augusto Gadelha detalhou o acerto ao podcast Nossa Economia, de GZH.

Como foi a viagem à China?

Foi consequência de uma aproximação que o governo brasileiro tem feito com a China. Estive lá há um mês acompanhando o ministro-chefe da Casa Civil (Rui Costa), quando foram feitos contatos com empresas e duas nos chamaram a atenção. A Sanan é uma das maiores de semicondutores e a GPT (Global Power Technology) tem uma ação única dentro da tecnologia que queremos implantar aqui na Ceitec. Já no Brasil, recebi o convite para voltar e visitar as fábricas, e fizemos agora alguns acertos.

Quais?

Um memorando de entendimento, pelo qual verificamos o interesse mútuo. Nosso pela tecnologia que vão nos oferecer e deles por ingressar no mercado brasileiro e produzir dentro do país. A área de semicondutores é extremamente complexa e cara. Precisamos da parceria com uma grande empresa que tenha domínio da tecnologia que queremos.

O carbeto de silício?

Sim, semicondutores de potência que suportam correntes, tensões e voltagens elétricas elevadas. São necessários neste momento em que você tem energia solar, eólica e uma indústria automotiva elétrica crescendo muito no mundo. Você precisa destes chips para recarga rápida de carro, por exemplo.

A Ceitec tem potencial para isso?

A dimensão é ainda incompatível com a produção destes semicondutores, mas estamos no início do desenvolvimento desta tecnologia no mundo. Ao contrário do silício, no qual pegamos o bonde atrasado, agora no carbeto, o bonde está chegando no ponto e vamos pegá-lo junto com o resto do mundo.

Por que a China fabricaria aqui e não exportaria para cá?

Temos várias vantagens fiscais dadas pelo governo brasileiro na fabricação aqui, além de recursos humanos qualificados. Vamos pegar, por exemplo, a BYD, que começou a fabricar carros aqui e poderá fornecer esses semicondutores a eles.

Quando o memorando terá efeito prático?

Com ele, temos um compromisso formal entre as empresas para fazer um plano de negócios e aí definir os investimentos de parte a parte, o que cada um contribuirá nesta parceria. Semicondutores são muito regulamentados. Sabemos, por exemplo, que os Estados Unidos proíbem a exportação de certas tecnologias para outros países, inclusive a China, que também tem regras estratégicas.

O governo federal projetou venda de chips da Ceitec ainda em 2026. Será possível?

Estamos vendendo o semicondutor de silício, que já produzíamos para identificação por radiofrequências (RFID), usadas nas tags de automóvel para abrir cancelas, acompanhamento de animais no pasto e nas etiquetas de lojas, por exemplo. Mas no caso do carbeto de silício, em lugar algum do mundo se consegue produzir e vender em menos de três anos.

Venderiam para BYD e GWM, por exemplo? As montadoras chinesas que instalam fábricas no Brasil.

É algo que eu acredito, mas temos de negociar para saber se as empresas terão interesse. Vamos explorar este canal. 

Os planos para o BIG Sertório

Fechado no início de 2024 após ter sido transformado em Carrefour, o prédio do antigo BIG da Sertório está na prateleira. A ideia é dar lugar a um empreendimento imobiliário residencial ou comercial, disse à coluna o diretor de Operações do Carrefour no Brasil, Pablo Lorenzo. O grupo francês já recebe algumas ofertas. A estrutura foi oferecida a supermercadistas, mas é considerada muito grande e com forte concorrência no entorno - do próprio Carrefour. O complexo tem o Sam?s Club e a 50 metros há um Atacadão, ambos operados pelo grupo francês. 

ACERTO DE CONTAS

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