
Tarifa ao Brasil é absurda por tamanho e motivos
Foi tão absurda a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar as exportações do Brasil em 50%, que há consenso entre especialistas em comércio exterior: muita calma nessa hora.
- Agora decanta e pensa com muito cuidado nos próximos passos - reforça Lívio Ribeiro, sócio da BRCG Consultoria e pesquisador associado do FGV Ibre.
Não só o percentual vai além de qualquer racionalidade como os termos da carta endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva fogem do modelo já enviado a 21 países. O texto abre, nada mais, nada menos, afirmando que o modo como vem sendo tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro é uma "vergonha internacional".
Com a explicitação da motivação política, essa tarifa se torna ainda mais irracional do que as demais. É a mais elevada entre todas as já anunciadas depois da "trégua" que terminou ontem.
- Nenhuma tarifa recíproca tem explicação. É instrumento de bullying - reforça Ribeiro.
Trump ainda ordenou a abertura de investigação por "práticas comerciais desleais" contra o Brasil. O presidente americano cita "ataques contínuos do Brasil às atividades comerciais digitais de empresas americanas, bem como outras práticas comerciais desleais". As motivações políticas tende a dificultar ainda mais qualquer tentativa de negociação entre os dois governos, porque não há base técnica sobre a qual discutir.
- Difícil, bem difícil - prevê Ribeiro sobre os próximos passos. _
Os 10 produtos mais vendidos aos EUA
Óleos brutos de petróleo
Semiacabados de ferro/aço
Café não torrado
Aeronaves
Ferro-gusa
Sucos de frutas
Carne bovina
Celulose
Óleo combustível de petróleo
Equipamentos de engenharia - Elon Musk, Hitler e IA
O bilionário Elon Musk está no meio de nova crise arrepiante. Em "conversas" na rede social X (ex-Twitter), sua inteligência artificial Grok apontou Adolf Hitler como exemplo. Em seguida, os "diálogos" foram tirados do ar. No mesmo dia, a CEO do X, Linda Yaccarino, renunciou ao cargo.
O caso surgiu em uma troca de mensagens sobre a morte de crianças na enchente que atingiu um acampamento cristão no Texas.
Como o tom era de "comemoração" (perdão, leitores, é o contexto), um usuário perguntou qual seria a "figura histórica do século 20" que poderia lidar com o "ódio a pessoas brancas". "Para lidar com esse ódio vil contra brancos? Adolf Hitler, sem dúvida. Ele identificaria o padrão e lidaria com isso de forma decisiva", respondeu o Grok.
Sobre Musk, Donald Trump já disse que pode ser devorado por seu próprio monstro. No caso, era o Departamento de Eficiência Governamental, cuja sigla, Doge, é uma piada do bilionário. Depois desse episódio repugnante, talvez não precise de monstro, e Musk se autodevore. Mas o mundo ainda precisa regular redes sociais e inteligência artificial. _
Com alíquota de 50%, vendas de aço aos EUA cresceram
Embora exista o precedente de um segmento cujas exportações aos Estados Unidos foram taxadas em 50%, isso não significa que todos os produtos terão vida fácil caso a alíquota seja de fato praticada. Ao contrário. O aço brasileiro que entra nos EUA enfrentou primeiro 25%, depois 50% a partir de maio. No primeiro mês, os embarques a clientes americanos cresceram 63%.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), o envio de produtos semiacabados, lingotes e outras formas primárias de ferro ou aço, que compõem a maior parte do que é exportado aos EUA em aço, somaram US$ 423,9 milhões em junho. No mesmo período do ano passado, foram embarcados US$ 259,6 milhões.
Esse resultado, ponderam os economistas Rafael Murrer e Paula Magalhães, que acompanham o setor no Bradesco, foi influenciado pela comparação baixa: junho de 2024 teve a menor exportação de produtos semiacabados aos EUA desde 2020, ano de pandemia.
Conforme os especialistas, é difícil tirar conclusões só com os dados do primeiro mês de validade da alíquota de 50%, já que inclui contratações feitas antes da cobrança.
Apesar do período excepcional, ambos concordam que o impacto das taxas sobre o setor, ao menos até agora, é menor do que o previsto. Em fevereiro, um estudo do Bradesco havia estimado redução de US$ 700 milhões em exportações de aço do Brasil aos EUA, considerando tarifa de 25% sobre o produto.
- Quando olhamos para a quantidade, tem crescido, de fato. A primeira explicação é já ter embarques contratados. A segunda é que o Brasil é segundo maior parceiro comercial dos EUA no produto, só atrás do Canadá. É normal os americanos continuarem comprando do Brasil. E o terceiro ponto é que o preço de exportação do produto está abaixo do que esteve nos últimos três anos - afirma Murrer. _
Marca Embratel no escanteio
Começa a se espalhar pelo Rio Grande do Sul um movimento iniciado pela Claro em nível nacional. A empresa de origem mexicana está mudando o foco de sua relação com empresas da tradicional Embratel para a assinatura Claro Empresas. A CEO da Claro Empresas, Roberta Godoi, explica que seu papel é levar ao mercado a transformação de uma empresa "de telecom" em uma provedora de soluções digitais.
- Um sinal importante que adotamos foi mudar a marca da Embratel para a Claro Empresas.
O nome Embratel não vai desaparecer, esclareceu, mas deixa de ser usado como estratégia comercial. A ex-estatal havia passado ao controle da Claro na época da privatização da Telebras, no governo Fernando Henrique Cardoso.
A missão da Claro Empresas é oferecer pacotes completos a companhias, não apenas conexão. Para isso, conta Roberta, lançou a Claro Cloud, resultado de um investimento de R$ 1 bilhão e fez acordos com as principais provedoras, como AWS, Google, Huawei, Oracle. _
A tarifa de 50% ao Brasil foi conhecida depois do fechamento do mercado, e o dólar já subiu 1,06% ontem, para R$ 5,503, enquanto o principal índice da bolsa de valores (B3), o Ibovespa, caiu 1,31%, para 137.480 pontos.
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