
https://www.youtube.com/watch?v=E9xgdEdSpOM&list=RDE9xgdEdSpOM&start_radio=1
A Beleza de Não Ter Tempo para Tudo
"Je n’aurai pas le temps" — Não terei tempo. Essas palavras, repetidas
como um sussurro resignado e ao mesmo tempo esperançoso, expressam uma verdade
que todos conhecemos, mas raramente encaramos: a vida é curta demais para tudo aquilo que desejamos viver
plenamente.
Mesmo que corrêssemos mais rápido que o vento.
Mesmo que voássemos sobre os ponteiros do relógio. Mesmo que tivéssemos cem
anos à nossa disposição. Ainda assim, não seria o bastante para visitar todos
os lugares que sonhamos, para conhecer todos os segredos do universo, para amar
com a intensidade que gostaríamos e para tocar, com delicadeza, todos os
corações e todas as flores.
Essa poesia não é um lamento, embora soe como
um suspiro. É, acima de tudo, um convite
à consciência da preciosidade do instante. Porque ao entender que não
teremos tempo para tudo, somos desafiados a escolher bem o que realmente importa. A vida nos
escapa pelas mãos, não por maldade, mas por sua própria natureza: ela é breve,
veloz, e não se deixa conter.
O autor não se lamenta por não ter tempo
suficiente para existir, mas por existir
com tanto amor a dar, e ainda assim não ser possível abarcar tudo. Ele
deseja amar com todos os olhos, com todo o peito aberto, com toda a alma
desarmada — mas sabe que os dias são curtos, os encontros escassos, e os afetos
muitas vezes se perdem no tempo que corre.
Mas é justamente aí que mora a beleza do
poema: na tentativa, na entrega, na
intensidade com que se vive, mesmo sabendo que não será possível completar a
obra inteira. Amar, ainda que falte tempo. Sentir, mesmo que não dê
para explicar. Estar, mesmo sabendo que não será para sempre.
O texto nos lembra que a existência plena não
depende da quantidade de dias, mas da qualidade
da presença. E que, talvez, o segredo não seja correr contra o tempo,
mas dançar com ele, na cadência
dos afetos sinceros, dos momentos simples e das escolhas autênticas.
Portanto, se não tivermos tempo para tudo, que
tenhamos tempo, ao menos, para o essencial: para olhar nos olhos, para abraçar
sem pressa, para dizer “eu te amo” antes que seja tarde. Porque amar como
devemos amar, como o poeta diz, não exige
um século, mas apenas um instante verdadeiro.
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