sexta-feira, 18 de julho de 2025

A poesia de “Je n’aurai pas le temps” — eternizada na voz de Michel Fugain e traduzida por tantos corações - é uma ode ao limite da existência diante da vastidão da vida. Ela fala da urgência de viver e da impossibilidade de abarcar tudo o que se deseja, mesmo quando se ama intensamente, mesmo quando se tem o coração escancarado. 

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A Beleza de Não Ter Tempo para Tudo

"Je n’aurai pas le temps" — Não terei tempo. Essas palavras, repetidas como um sussurro resignado e ao mesmo tempo esperançoso, expressam uma verdade que todos conhecemos, mas raramente encaramos: a vida é curta demais para tudo aquilo que desejamos viver plenamente.

Mesmo que corrêssemos mais rápido que o vento. Mesmo que voássemos sobre os ponteiros do relógio. Mesmo que tivéssemos cem anos à nossa disposição. Ainda assim, não seria o bastante para visitar todos os lugares que sonhamos, para conhecer todos os segredos do universo, para amar com a intensidade que gostaríamos e para tocar, com delicadeza, todos os corações e todas as flores.

Essa poesia não é um lamento, embora soe como um suspiro. É, acima de tudo, um convite à consciência da preciosidade do instante. Porque ao entender que não teremos tempo para tudo, somos desafiados a escolher bem o que realmente importa. A vida nos escapa pelas mãos, não por maldade, mas por sua própria natureza: ela é breve, veloz, e não se deixa conter.

O autor não se lamenta por não ter tempo suficiente para existir, mas por existir com tanto amor a dar, e ainda assim não ser possível abarcar tudo. Ele deseja amar com todos os olhos, com todo o peito aberto, com toda a alma desarmada — mas sabe que os dias são curtos, os encontros escassos, e os afetos muitas vezes se perdem no tempo que corre.

Mas é justamente aí que mora a beleza do poema: na tentativa, na entrega, na intensidade com que se vive, mesmo sabendo que não será possível completar a obra inteira. Amar, ainda que falte tempo. Sentir, mesmo que não dê para explicar. Estar, mesmo sabendo que não será para sempre.

O texto nos lembra que a existência plena não depende da quantidade de dias, mas da qualidade da presença. E que, talvez, o segredo não seja correr contra o tempo, mas dançar com ele, na cadência dos afetos sinceros, dos momentos simples e das escolhas autênticas.

Portanto, se não tivermos tempo para tudo, que tenhamos tempo, ao menos, para o essencial: para olhar nos olhos, para abraçar sem pressa, para dizer “eu te amo” antes que seja tarde. Porque amar como devemos amar, como o poeta diz, não exige um século, mas apenas um instante verdadeiro.

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