segunda-feira, 21 de julho de 2025


O fim dos segredinhos

Não é que a infidelidade ande descarada, atrevida, inconsequente. É que ela não tem mais como se esconder. Houve um bafafá no meio do show do Coldplay, no Gillette Stadium, em Boston (EUA), na quarta-feira.

Durante o tradicional quadro do Kiss Cam, em que o telão mostra casais se beijando, o vocalista Chris Martin acabou chamando a atenção planetária para um encontro extraconjugal. Um CEO de empresa americana, casado, pai de dois filhos, estava num romance oculto com a diretora de RH: devidamente enlaçados em cena romântica, sem ter como negar ou perfumar a proximidade com qualquer mentira.

Nem o maior mitômano conseguiria acobertar as evidências e os risinhos cúmplices. Assim que os dois se viram na tela gigante, entraram em pânico. Ele se agachou, ela cobriu o rosto com as mãos e virou de costas. Como uma brincadeira absolutamente inofensiva, desconhecendo o teor dos fatos, o vocalista destacou-os entre tantos filmados na hora: - Olha esses dois aí. Ou eles estão tendo um caso, ou são muito tímidos. Chris não fazia ideia de que não era uma piada. Falava a verdade.

A esposa traída soube do adultério da pior forma - e a mais comum hoje em dia: pelo celular. Não foi necessário alguém do círculo íntimo denunciar. Ela acompanhou, incrédula, em tempo real, o conteúdo viral nos sites. A humilhação logo se converteu em solidariedade, com o apoio e a revolta de milhões de pessoas.

Se o par proibido acreditava que desapareceria impunemente num público de 65 mil fãs, que poderia cantar Fix You de olhos fechados ou sussurrar os versos de The Scientist nos ouvidos um do outro como se fossem suas próprias palavras inspiradas, esqueceu que nada mais é secreto num show.

Na realidade, nada mais é secreto em lugar nenhum, inclusive a entrada de um motel possui câmeras. Não existe mais traição que não seja pública. Será descoberta cedo ou tarde. Alguma imagem vazará.

Que os amantes entendam: não há mais vida dupla. Com os tentáculos das redes sociais, tudo é visível, exposto, apanhado com detalhes e minúcias, provas e prints.

Para pular a cerca, atualmente, é preciso escalar o Everest. Famoso ou anônimo, pecador de primeira viagem ou pescador reincidente, novato ou veterano: virá à tona.

Ainda que trabalhem na mesma empresa, com a justificativa banal de reuniões de negócios e viagens a serviço, as versões não coincidirão entre si. Os horários não convergirão com os incontestáveis frames.

Ainda que morem num município pequeno, afastado, o sinal chegará até lá e desmascarará o enredo - seja por um chá revelação, seja por vídeos.

O mundo digital é mais rápido do que a fofoca. Os álibis não serão suficientes.

O divórcio acontecerá. Segredinhos não duram sequer alguns meses. Melhor aprender a ser fiel. 

CARPINEJAR 

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