quinta-feira, 24 de julho de 2025


24 de Julho de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Tarifaço vai encolher saldo comercial do Brasil

Como se temia diante do tarifaço, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) revisou suas projeções para este ano e concluiu que o saldo entre exportações e importações deve encolher 27,4% em relação ao obtido no ano passado (veja os dados ao lado). A conta considera todo o comércio do Brasil, não só com os Estados Unidos.

O valor previsto para este ano, de US$ 54,1 bilhões, seria o menor desde 2020, ano da pandemia. Um dos efeitos do menor superávit é a redução no saldo cambial (entrada e saída de dólares) do país, com possível impacto, também, no crescimento econômico medido pelo PIB.

Presidente-executivo da entidade, José Augusto de Castro explica que os cálculos têm como base o cenário atual de indefinições e oscilações bruscas, com guerras, instabilidade econômica mundial e aumento de tarifas americanas de importação (tarifas), entre muitos outros fatores.

- Definir o amanhã é, mais do que nunca, um exercício de futurologia - ressalva Castro.

O curioso é que a redução do saldo comercial não será determinada por recuo de exportações, que devem se manter em relação aos valores de 2024. A entidade projeta até uma certa "estabilidade positiva", com variação de 0,1% para cima. O que deve determinar o resultado menor é o aumento das importações.

Conforme a AEB, as três principais matérias-primas (commodities) que o Brasil exporta enfrentam queda na cotação e representam cerca de 30% do valor total. A maior é a do minério de ferro, de 14,3%, seguida pela do petróleo, de 10%, e da soja, de 6,9%. Então, mesmo com aumento na quantidade, deve ocorrer redução no valor. _

Item US$ bi %*

Exportações 337,5 bi 0,1

Importações 283,4 bi 8

Saldo 54,1 bi -27,4

(*) em relação a 2024

Fonte: AEB

No mercado, mais do que o risco cambial, pesou mais a expectativa que Trump abriu de rever tarifas: o dólar caiu 0,8%, enquanto a bolsa de valores teve alta perto de 1%. O dia de amanhã ninguém sabe, então garantiram o dia.

Rede de laboratórios pode mudar de mãos

A tradicional rede de laboratórios Weinmann pode mudar de mãos mais uma vez. Foi comprada pelo Grupo Fleury em 2009, que agora é cobiçado pela Rede D?Or.

Circula no mercado a informação de que haveria tratativas entre essa empresa carioca e o Bradesco, maior acionista da Fleury.

Fundada em 1977 no Rio de Janeiro como Cardiolab, a Rede D?Or hoje é considerada a maior empresa integrada de cuidados em saúde no Brasil. Além do Rio, tem unidades em São Paulo, Pernambuco, Bahia, Maranhão, Sergipe, Ceará, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Alagoas, Pará e Distrito Federal.

A empresa foi criada por Jorge Moll Filho e, mesmo tendo ações negociadas em bolsa, ainda é controlada pela família, que tem 47,5% do capital social. Oficialmente, as empresas negam ter chegado a um acordo final para unificar seus negócios, conforme comunicados. Mas nenhuma nega conversas. _

Recuo pulveriza contenção de gasto

A decisão do governo Lula de devolver ao gasto R$ 20,6 bilhões reverte dois terços da contenção anunciada há dois meses. Ficaram quase só os R$ 10,6 bilhões relativos aos bloqueios. O acréscimo foi de meros (para efeito de orçamento público) R$ 100 milhões.

O conjunto da obra retoma a relação de desconfiança fiscal entre governo e mercado. O governo gastou capital político e a situação voltou ao desconforto anterior: sem perspectiva de melhora na inquietante trajetória da dívida pública. _

58%

dos moradores da Capital disseram, em pesquisa da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre, que nunca apostaram em bets. Em um país dominado pelas apostas esportivas, é uma surpresa. No entanto, 22,5% afirmam apostar no "tigrinho" com frequência. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem demonstrado exasperação com as apostas online. Disse que "não tem arrecadação que justifique essa roubada a que chegamos".

Ao falar em abrir mercado, Trump quer dar recado?

A oito dias da suposta entrada em vigor da alíquota de 50% nas importações de produtos brasileiros nos Estados Unidos, não há qualquer sinal de avanço nas negociações. E não por falta de tentativa do Brasil, mas por ausência de receptividade do outro lado da mesa.

No entanto, o presidente dos EUA, Donald Trump, deu ontem um recado aos potenciais afetados por suas "tarifas punitivas" - no peculiar raciocínio do atual ocupante da Casa Branca, as "recíprocas" são as de 10%. Em nova publicação na sua rede social, afirmou que pode "desistir" de tarifas se ele conseguir que os principais países "abram seus mercados aos EUA".

Em postagem feita logo em seguida, porém, adverte que só vai reduzir tarifas se um país concordar em abrir seu mercado. Se isso não ocorrer, ameaça com "tarifas muito mais altas".

É um claro recado para os que têm superávit com os EUA. Quando se abre um mercado, há possibilidade teórica de que as compras de produtos americanos aumente - vai depender do interesse dos compradores privados.

No caso do Brasil, porém, a situação é diferente porque é o lado de cá que tem déficit, ou seja, a relação comercial já é bastante favorável aos EUA. Então, ainda que seja para oferecer mais vantagem aos americanos, é preciso que as comunicações brasileiras sejam atendidas. Até agora, nada. _

Startups de SP aqui

O fortalecimento do ecossistema de inovação do Estado ganhou aporte de R$ 10,98 milhões do Fundo de Investimento em Participações (FIP) Anjo.

Duas das startups que receberão financiamento têm uma característica em comum: Ab Card e Leggal foram criadas em São Paulo, mas decidiram se instalar no Rio Grande do Sul, na contramão do temido movimento de saída de empresas e talentos do Estado.

O FIP Anjo é um fundo de investimento que surgiu de iniciativa do BNDES para apoiar empreendedores e startups em fases iniciais. No Estado, tem participação de Badesul, Banrisul e BRDE. O foco é em negócios com potencial de crescimento que contribuam para inovação e desenvolvimento econômico. 

GPS DA ECONOMIA

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