terça-feira, 29 de julho de 2025


29 de Julho de 2025
NÍLSON SOUZA

Tungstênio

Sei que não se deve brincar com a sanha tarifária do senhor Trump, que vem provocando pânico em todo o mundo e pode provocar também desemprego nos países sobretaxados - entre os quais essa nossa pátria, amada, idolatrada, traída e, historicamente, subtraída. Ninguém ignora que os colonizadores europeus já levaram a maior parte do nosso ouro. Agora, segundo notícias provenientes do império do Tio Sam, os atuais exploradores querem levar o nosso lítio, o nosso nióbio, o nosso tântalo, o nosso disprósio, o nosso neodímio, o nosso praseodímio, o nosso gálio e - horror dos horrores - o nosso tungstênio.

Quando li sobre o interesse norte-americano nos nossos minerais, me arrependi imensamente de ter faltado às aulas de química no ginásio. E tive que fazer um reconhecimento póstumo a meu sogro agricultor, que juntava todas as pedras coloridas que encontrava na sua lavoura em São Domingos do Sul, na esperança de que um dia se revelassem preciosas. Talvez fossem mesmo, vá saber! Se temos reservas desses minérios de nomes estranhos a ponto de despertar a cobiça estrangeira, é bom que comecemos a prestar mais atenção nas pedrinhas do nosso caminho.

De minha parte, me confesso um analfabeto em mineralogia. Não sei sequer diferenciar um cascalho comum daquela turmalina Paraíba da novela O Rancho Fundo, que parecia mais valiosa do que o próprio ouro. Então, não me perguntem para que serve o gálio, o titânio ou qualquer dessas outras paroxítonas sofisticadas.

Mas já li alguma coisa sobre o tungstênio, utilizado tanto na fabricação de lâmpadas quanto naqueles projéteis perfurantes que os Estados Unidos lançaram sobre as usinas nucleares uranianas. Pelo que sei, o Brasil tem apenas 1% das reservas mundiais desse elemento químico. É pouco, mas é nosso. Que ninguém ponha a mão no nosso tungstênio!

Proponho, inclusive, que o governo crie uma tarifa proibitiva sobre o tungstênio brasileiro. Ou que alguém provoque o ministro Alexandre de Moraes a baixar uma proibição no sentido de que nenhum estrangeiro possa sequer se aproximar das nossas reservas de tungstênio, nem mesmo para selfies ou vídeos para as redes sociais. Precisamos dele para iluminar o país. 

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