sábado, 19 de julho de 2025


19/07/2025 - 15h16min
J. J. Camargo

É raro encontrar um chato que goste de ler

A leitura estimula a imaginação, a criatividade, o vocabulário e o pensamento crítico

"Quem gosta de ler não morre só." (Ariano Suassuna)

Ler nos transporta para outros mundos, culturas e épocas, expandindo nossa compreensão do mundo e de nós mesmos. A leitura estimula a imaginação, a criatividade, o vocabulário e o pensamento crítico, além de ser uma fonte de entretenimento e conhecimento.

A leitura permite que, a partir de uma história trazida por alguém que não conhecemos, criemos um universo particular, mesclando-o com as nossas ideias e fantasias. Ou seja, nos apropriamos daquele mundo e o enriquecemos ao nosso gosto.

Não por acaso, quando assistimos a um filme baseado num livro, sempre achamos o filme inferior, porque resultou de um trabalho que o diretor entregou pronto para o espectador, ao passo que, durante a leitura da mesma história, conseguimos acrescentar riqueza ao texto com a ajuda da nossa imaginação.

Há muitas evidências de que quem lê regularmente, além de se tornar progressivamente uma pessoa mais interessante, está protegendo o seu cérebro de doenças degenerativas no futuro, como demência e Alzheimer.

Um destes estudos, realizado pela Universidade Emory (Atlanta, EUA), descobriu que ler ativa nosso cérebro, da mesma forma como se realmente tivéssemos vivenciado os eventos sobre os quais estamos lendo. Diante disso, é certo que durante a leitura podemos aumentar nossa empatia, ou seja, a capacidade de compreender e se solidarizar emocionalmente com o outro.

É interessante que nem todos os gêneros literários agem da mesma forma. Ou seja, de acordo com o conteúdo de cada história, outras regiões cerebrais são ativadas, resultando em comportamentos, emoções e experiências distintas. 

Durante a leitura de histórias de suspense, por exemplo, a ativação do cérebro tem relação direta com a experiência prévia do leitor. Os leitores que relataram ter ficado mais envolvidos com a narrativa foram os mesmos que tiveram maior ativação de uma parte do cérebro que é estimulada quando, completamente envolvidos numa história, tentamos antecipar o que vai acontecer.

Quem lê regularmente acaba se tornando membro de uma confraria de colegas inteligentes, que sempre escolhem conviver com quem discute ideias, não têm paciência para falar de coisas e detestam quem só sabe falar de outras pessoas. Por alguma razão, é raro encontrar um chato que goste de ler.

Um jeito de aprender a ler, e em seguida "viciar em leitura", é começar com leitura de crônicas que são fáceis de serem memorizadas, porque são textos curtos e têm mensagens explícitas. Depois, fica mais fácil avançar para histórias de suspense, romances e textos mais densos. Com sorte, no fim tudo deve acabar em poesia.

Todo leitor acaba tendo seu autor preferido, por quem jura paixão definitiva logo na descoberta e depois descobre que não é nenhum pecado trocar de amor. Isso deve significar apenas que a nossa curiosidade estimulada pelo encanto de ideias novas é ilimitada.

Então, um conselho final aos jovens de qualquer idade: leiam muito, ouçam música o tempo inteiro, cultivem todos os tipos de arte e, aproveitando o que apenderam, tenham pena de quem nunca se apaixona.

E acreditem que Mario Quintana, o grande poeta gaúcho, tinha razão quando escreveu: "Os livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas, os livros só mudam as pessoas".

Nenhum comentário: