segunda-feira, 28 de julho de 2025


28 de Julho de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Respostas capitais

Rafael Prikladnicki - Doutor em Computação, com mais de 20 anos de atuação em tecnologia, inovação e educação, ex-diretor do Tecnopuc e presidente da Invest RS

"Desafio é reconhecer dificuldades e mostrar que agora temos uma visão diferente"

Além de entrevista publicada neste espaço em 7 de julho, o artigo em que a economista Zeina Latif afirma que o RS "está ficando para trás" rendeu conversa com Rafael Prikladnicki. O presidente da Invest RS afirma que os problemas do Estado têm de ser reconhecidos para buscar solução, mas também é preciso ter uma atuação com perspectiva de futuro.

O problema mais conhecido do RS é o fiscal. Como restringe o papel da agência de estimular investimentos?

O artigo traz uma contribuição. Os reflexos do ajuste fiscal que o Estado tem feito não são percebidos no curto prazo, são um processo. E temos duas opções: ficar parado ou colocar o pé no acelerador e fazer um trabalho intenso de promoção do Estado, buscar formas de atrair investimentos. O desafio é reconhecer dificuldades e, ao mesmo tempo, mostrar que trouxemos uma visão diferente. No momento em que os investidores começam a sentir isso, os investimentos vão começar a vir, e vamos mudar aos poucos essa realidade.

E como a agência opera com o limite orçamentário?

A primeira sinalização é a capacidade de o Estado entender que investir em uma agência de desenvolvimento é importante. A Invest é privada, mas tem contrato de gestão com o Estado por meio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico. E temos muitos incentivos que, muitas vezes, não são conhecidos. Entregamos há pouco um guia a investidores, mapeando o que já existe. Precisamos ser inteligentes ao escolher os setores que vamos abordar e tentar trazer o maior recurso possível dentro dessa limitação.

Existem recursos privados na agência ou só públicos?

Atualmente, só públicos, mas o estatuto prevê a possibilidade de captar de outras fontes, públicas e privadas. Podemos ter contratos adicionais com outras estruturas de governo, secretarias ou empresas estatais. A Invest São Paulo é a nossa referência.

Há encaminhamento para o que a economista vê como excesso de judicialização?

Estamos buscando, não só a Invest RS, mas a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, com seu Conselho Estadual de Desburocratização e Empreendedorismo. É um dos fatores que temos de enfrentar com diálogo, eventuais reformas, ou seja, precisamos entender o que traz de entraves ou de insegurança para o investidor e melhorar.

É algo que vocês ouvem de investidores potenciais?

Até agora, nunca foi pauta. Mas temos de levantar números, entender com as empresas e o Estado qual é o desafio. O conselho é um fórum adequado porque tem representantes de diversas áreas, da Junta Comercial a empreendedores, para debater de forma transparente, assim como outros desafios do Estado foram trabalhados com reformas.

Na entrevista, a economista diz que as reformas do RS foram importantes, é um alento?

Sim, até por isso a procuramos para estabelecer esse canal de diálogo. Zeina tem um alerta importante, não só para o RS, mas para outros Estados com desafios similares. Por isso, a própria criação da Invest RS é um sinal positivo, porque se o Estado não tivesse recuperado a capacidade de pensar no futuro, não existiria agência de desenvolvimento. Aceitamos o debate, também para apresentar uma visão de futuro. O Estado tem desafios, mas também é um exemplo de solução. É nisso que a Invest RS acredita: somos parte da solução para levar o Estado a outro patamar. Comparando com aquele RS que atrasava salários, houve avanços. E não no curto, mas no médio prazo, o melhor momento para investir no RS é agora, antes do crescimento significativo.

O orçamento do Estado para 2026 prevê déficit de R$ 5,2 bilhões. O que esse dado significa para atrair investimentos?

Olhando de longe, porque a agência não se envolve com o orçamento, esse déficit existe, mas não é um descontrole irresponsável, é um processo responsável de ajuste. É uma transição que estamos fazendo aos poucos. Existem vários desafios pesados, não dá para fazer tudo de uma vez só. O Estado tem respirado ares de futuro.

Você mencionou que um investidor foi surpreendido por uma conversa que nunca havia tido, qual foi?

Foi um contato com um potencial investidor na área de tecnologia que, há dois, três anos atrás, em algumas interlocuções, mencionou que eram muito truncadas. Tinha de conversar com alguém de uma secretaria, depois conversar de outra, depois... E na conversa mais recente, de duas horas, falamos do Estado de forma ampla, de desenvolvimento a incentivo, passando por capital humano. Ele começou a fazendo uma crítica, dizendo que a experiência havia sido negativa há três anos e terminou a reunião dizendo que  estava saindo com uma imagem completamente diferente. _

GPS DA ECONOMIA

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