
EM FOCO
Crime ocorreu no município de Estação, na região norte do Estado, na manhã de ontem. Agressor, de 16 anos, entrou na instituição alegando que iria entregar um currículo. Duas meninas e mais uma professora acabaram feridas durante o ataque
Menino é morto por adolescente em escola
Uma criança morreu e outras três pessoas ficaram feridas ontem pela manhã depois de um ataque à faca em escola de Estação, município de cerca de 6 mil habitantes do norte gaúcho.
O caso aconteceu por volta das 10h, na Escola Municipal Maria Nascimento Giacomazzi, no centro da cidade. Segundo o prefeito Geverson Zimmerman, as vítimas são três alunos e uma professora que foram agredidas por um adolescente de 16 anos que pediu para entrar na escola para entregar um currículo. A instituição tem 152 alunos.
A criança que morreu foi identificada como Vitor André Kungel Gambirazi, de nove anos, e estudava no terceiro ano do Ensino Fundamental.
Segundo a polícia, ele foi atingido por ao menos 11 golpes de faca, quase todos na região das costas. Duas meninas, de oito anos, ficaram feridas. Uma delas está no Hospital Santa Terezinha, em Erechim, com trauma cranioencefálico. Ela passou por cirurgia e está em estado estável, "porém inspira cuidados", de acordo com a casa de saúde. A outra vítima estava no Hospital São Roque, de Getúlio Vargas, e teve alta à tarde.
Uma professora de 34 anos foi atingida e encaminhada ao Hospital de Caridade, em Erechim. Ela tentou intervir no ataque e acabou ferida pelo agressor. Segundo a casa de saúde, a docente está internada para observação: "O estado dela é estável, só muito abalada emocionalmente".
A prefeitura de Estação suspendeu as aulas em todas as escolas da rede municipal por tempo indeterminado. Durante a tarde, familiares dos alunos aguardaram informações do caso em frente à instituição.
Em entrevista ao Timeline da Rádio Gaúcha, Zimmerman relatou a ação do agressor:
- Ele entrou na escola com uma faca, fez uso de bombinhas no chão para assustá-las. Depois entrou em uma sala de aula e feriu uma das crianças gravemente. Outras duas foram atingidas com cortes na cabeça, de forma leve.
Depois do ataque, houve tumulto em frente à escola. O adolescente foi imobilizado e apreendido. Ele foi ouvido pela Polícia Civil.
Segundo o prefeito, o agressor era morador do município, não tinha histórico de ocorrências.
Conforme a Polícia Civil, as motivações são investigadas; informações preliminares apontam que o menino fazia acompanhamento psiquiátrico há mais de um ano. À noite, ele foi internado provisoriamente, após decisão da juíza Daniela Conceição Zorzi.
Teria agido sozinho
O adolescente prestou depoimento à Polícia Civil e ao Ministério Público entre o fim da manhã e início da tarde de ontem e, depois, foi apreendido.
- A princípio, ele agiu sozinho. Sabemos que ele entrou e foi em apenas uma sala, do terceiro ano. Faremos toda a investigação a partir de agora e maiores informações estão em sigilo - disse o delegado Jorge Fracaro Pierezan.
O adolescente não tinha relação com a escola nem antecedentes policiais, segundo Pierezan.
Conforme o coronel Carlos Alberto Cardoso de Aguiar Junior, comandante do Comando Regional de Policiamento Ostensivo da Região Norte (CRPO Norte), o adolescente entrou na escola de forma "tranquila", pois era conhecido pelos funcionários.
- Ele disse que queria entregar um currículo e pediu para ir no banheiro. Então causou uma surpresa geral quando começou o ataque - disse.
Estudantes buscaram ajuda em casa ao lado da instituição
A aposentada Ercina Dalacorte, 76 anos, acolheu e prestou socorro aos alunos que fugiram da escola em meio ao ataque.
- Vi que as crianças começaram a correr para o meio da rua, achei que fosse um incêndio. Eram todos pequenos, fiquei com muita pena porque eles choravam e me abraçavam - conta.
Apesar de consternada e com medo do que poderia acontecer, ela manteve as crianças dentro da própria casa:
- Peguei todos e socorri dentro da minha casa. Falei "aqui não tem problema", e ficaram ali até os pais chegarem - relatou. _
Governador e ministro da Educação lamentam episódio
O governador do RS, Eduardo Leite, expressou solidariedade às vítimas do ataque. Em publicação na rede social X, colocou o Estado à disposição para dar suporte aos atingidos e determinou que as forças de segurança atuem com prioridade total na apuração do caso.
"O que aconteceu não pode ser naturalizado, relativizado ou esquecido", escreveu Leite. "Nada é mais urgente do que garantir que nossas crianças estejam seguras. E nada é mais inaceitável do que a violência atravessar os muros de uma escola", finalizou.
O ministro da Educação, Camilo Santana, disse que recebeu com tristeza a notícia sobre o ataque e que determinou o envio da equipe de psicólogas do Núcleo de Resposta e Reconstrução de Comunidades Escolares, especializada em situações de crise e violência extrema, para apoiar em tudo o que for necessário.
"Seguimos em articulação com o Ministério da Justiça e com as autoridades locais, reafirmando nosso compromisso com a vida, a paz e a proteção das comunidades escolares. À população, comunidade escolar e familiares das vítimas, meus sinceros sentimentos nesse momento de dor profunda", escreveu.
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