
Moraes proíbe transmissão de entrevistas de Bolsonaro nas redes
Em novo despacho, magistrado afirmou que veto a redes sociais inclui contas de terceiros e alertou que ex-presidente pode ser preso se descumprir as medidas cautelares impostas na sexta-feira. Oposição se articula para pautar impeachment do ministro e anistia ao 8/1 após recesso
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu que a medida cautelar imposta a Jair Bolsonaro que o proíbe de usar redes socais também inclui participação em transmissões feitas por terceiros. Segundo o ministro, o ex-presidente poderá ser preso caso descumpra a restrição.
Em um despacho publicado ontem à tarde, Moraes afirmou que a proibição ao uso de redes sociais, prevista nas medidas restritivas decretadas na sexta-feira, inclui "as transmissões, retransmissões ou veiculação de áudios, vídeos ou transcrições de entrevistas em qualquer das plataformas das redes sociais de terceiros". Conforme a manifestação, caso Bolsonaro usar algum desses meios para "burlar a medida", será punido com "imediata decretação da prisão".
Antes do despacho, Bolsonaro cancelou uma entrevista que daria ao portal Metrópoles, sob receio de descumprir a restrição. A entrevista seria transmitida ao vivo.
Além do veto às redes sociais, Bolsonaro passou a usar tornozeleira eletrônica, deverá ficar sob recolhimento domiciliar das 19h às 7h em dias úteis, e durante todo o final de semana, e está proibido de se aproximar de embaixadas.
A alegação do STF ao determinar as restrições foi de que havia risco de fuga. Bolsonaro também não pode ter contato com uma série de pessoas, incluindo o filho Eduardo, que está nos Estados Unidos.
"Máxima humilhação"
Bolsonaro esteve ontem na Câmara dos Deputados, onde se reuniu com parlamentares aliados para discutir uma ofensiva contra o STF.
Na saída, Bolsonaro mostrou a tornozeleira a jornalistas.
Não matei, não trafiquei. Este aqui é o símbolo da máxima humilhação. É uma pessoa inocente - disse ele, que na sexta-feira havia se recusado a mostrar o aparelho à imprensa.
À noite, Moraes pediu esclarecimentos sobre o ato, cujas imagens foram publicadas na internet, "sob pena de decretação imediata da prisão" do ex-presidente. _
Contas bancárias e Pix de Eduardo são bloqueados
Também ontem, Alexandre de Moraes determinou o bloqueio de contas bancárias e chave Pix do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Eduardo é o alvo principal do inquérito que motivou as medidas cautelares contra o ex-presidente na semana passada. O foco da investigação é a atuação dele nos Estados Unidos, onde está desde março e mantém agendas com congressistas republicanos e auxiliares do presidente Donald Trump para tentar emplacar sanções ao STF.
Eduardo solicitou, em março, licença de afastamento de 120 dias na Câmara. O prazo terminou no domingo e, com isso, ele voltou a receber salário. Ainda no domingo, ele disse que não irá renunciar.
A decisão de Moraes também prevê o bloqueio de bens móveis, imóveis e do recebimento de salário.
Esse bloqueio já era esperado. É um passo natural de ditadura. Tentativa de asfixia financeira como forma de chantagem - afirmou Eduardo ao portal Metrópoles.
A decisão foi tomada por Moraes ainda no sábado. Eduardo contou ter tomado conhecimento do bloqueio ao tentar fazer transferências via Pix ontem.
Também no sábado, Moraes determinou que entrevistas e publicações de Eduardo dos últimos dias sejam juntadas ao inquérito. O ministro alegou que o parlamentar "intensificou as condutas ilícitas" após a operação contra o pai na sexta-feira.
Pedido de suspensão
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), pediu ontem a suspensão do mandato de Eduardo, sob alegação de que a situação dele viola o regimento da Casa. O pedido será analisado pelo presidente Hugo Motta (Republicanos-PB).
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