quinta-feira, 31 de julho de 2025


30 de Julho de 2025
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

Subestimamos a aliança entre Trump e Bolsonaro

Subestimamos a relação entre a família Bolsonaro e Donald Trump. Tratamos o vínculo como folclore, como se fosse só mais um show de afinidades ideológicas entre dois populistas, separados por idiomas, mas unidos pelo mesmo estilo fanfarrão.

A atualidade mostra que havia mais do que retórica: havia estratégia e interesses compartilhados.

A ameaça cada vez mais concreta de tarifas unilaterais contra os produtos brasileiros, com a exigência velada de que o Supremo reverta decisões contrárias ao ex-presidente e outros réus por golpismo, é uma evidência de como Trump enxerga o Brasil: não como um parceiro, mas como um satélite de suas vontades orbitado por aliados de ocasião.

Desde que voltou à Casa Branca, em janeiro deste ano, o americano falou abertamente contra ministros do Supremo, ironizou Lula e sugeriu que o Brasil só teria benefícios se "corrigisse seus erros" - leia-se, se favorecesse seus amigos.

Há pontos a serem ligados entre a política externa trumpiana e a articulação de Eduardo Bolsonaro no autoexílio. Ignorar essa conexão foi um erro de avaliação. Foi apostar que os laços pessoais seriam dissolvidos pela distância, pela derrota eleitoral e sobretudo porque entendia-se, ao menos os mais racionais, que o presidente da maior potência militar e econômica do planeta teria mais com o que se preocupar do que com a política brasileira.

Mas os fatos mostram o contrário: Trump voltou ao poder disposto a retribuir favores e a reescrever alianças. O ex-presidente segue sendo instrumentalizado como peça no tabuleiro geopolítico - especialmente para desestabilizar o atual governo e alimentar narrativas contra instituições como o Supremo.

Engrenagem

Um erro ainda maior tem sido desprezar a teia que liga a família Bolsonaro a Steve Bannon e à alt-right americana. Ex-estrategista de Trump e arquiteto da guinada radical na política americana, Bannon se tornou conselheiro informal dos filhos do ex-presidente brasileiro, especialmente Eduardo. Em 2019, integrou a internacional conservadora idealizada por Bannon, o "The Movement", que ambiciona criar frente de direita para influenciar eleições e governos pelo mundo.

A relação é operacional. Envolve trocas de mensagens, alinhamento de discurso, treinamento digital, difusão de narrativas conspiratórias e coordenação de ataques contra instituições democráticas - tanto no Brasil quanto nos EUA. O bolsonarismo, com sua estrutura digital, seus influenciadores e seu método de guerra cultural, tornou-se um braço eficaz da extrema direita transnacional, replicando táticas que Bannon testou nos EUA e na Europa.

Canais abertos

O 8 de janeiro de 2023, em Brasília, e o 6 de janeiro de 2021, em Washington, não são coincidência. São capítulos de uma mesma lógica de deslegitimação eleitoral. O bolsonarismo e o trumpismo compartilham métodos, alianças e objetivos.

O fato de termos subestimado o lobby de Eduardo Bolsonaro no Beltway não significa afirmar que ele tem uma cadeira cativa na Casa Branca - ao menos, não até onde se sabe. Mas é inegável que mantém canais com a ala mais radical do Partido Republicano, hoje majoritária sob a sombra de Trump. Também não se trata de romantizar a relação entre os dois: Trump não morre de amores por Bolsonaro, assim como não morre de amores por ninguém que não lhe seja útil. Seu padrão é claro - precisa de um inimigo útil em cada contexto para justificar medidas autoritárias ou ampliar sua influência. O Brasil, nesse jogo, começa a ser posicionado na prateleira dos "governos-problema" - não por seus atos, mas por não se dobrar à lógica trumpista. _

Números da Operação Inverno

Em dois meses, a Operação Inverno da prefeitura de Porto Alegre tem atendido em média 400 pessoas por dia. A iniciativa reúne diversas frentes de assistência à população em situação de rua, com ampliação de vagas, serviços de mobilidade, benefícios sociais e ações integradas de abordagem humanizada.

A Operação, iniciada em 29 de maio, registra uma média de 403 pessoas acolhidas por noite. O pico de atendimentos ocorreu em 28 de julho, com 465 acolhimentos. As noites de 25 e 27 de julho também apresentaram alta demanda, com 458 e 461 pessoas atendidas, respectivamente.

Serviços oferecidos

Atualmente, a rede de atendimento oferece vagas em dois abrigos emergenciais e dois albergues permanentes. Também oferece o Transporte Solidário, que leva pessoas em situação de rua para abrigos e unidades de atendimento. A prefeitura também tem avançado nas ações de reintegração familiar e habitacional, por meio do Auxílio-Viagem e o Auxílio-Moradia. _

Educação e mudanças climáticas

O governo do Estado reunirá, entre 5 e 6 de agosto, especialistas, gestores públicos e organizações no Seminário Internacional Educação, Mudanças Climáticas e Resiliência. O evento será em Porto Alegre e é organizado pela Secretaria de Educação do RS, em parceria com o Banco Mundial e com apoio técnico do Todos Pela Educação.

O objetivo é debater como sistemas educacionais podem responder aos desafios impostos pelas mudanças climáticas e desastres naturais. A programação inclui quatro painéis com representantes de Brasil, Japão, Peru, Uruguai, Holanda, Equador, Banco Mundial e Unesco, além de oficina técnica sobre diagnóstico da infraestrutura escolar e reunião para a elaboração da Declaração de Porto Alegre para Escolas Resilientes.

- Desde 2023 maturamos o conceito de escola resiliente. E não é só sobre estrutura física, mas também sobre profissionais e materiais - diz a secretária de Educação do RS em exercício, Stefanie Eskereski. _

Os motéis do Pará

Na semana passada, a coluna publicou que o governo federal contratou dois navios de cruzeiro para servirem como unidades de hospedagem temporária durante a COP30, em Belém. É uma das estratégias para ampliar a oferta de hospedagem na capital paraense.

No domingo, o The New York Times publicou que donos de motéis da cidade estão ofertando suítes e quartos para hóspedes que irão para a COP. "Barra de pole dance e paredes com estampa de oncinha: motéis do amor aprontam quartos para a cúpula do clima", diz o título da reportagem, em tradução livre.

E aqui é tradução livre literalmente, porque "motel" nos EUA não serve como um local íntimo para encontros sexuais. Lá é apenas um quarto de um hotel "normal" de beira de estrada. Isso é um dos motivos que despertaram curiosidade dos jornalistas do Times a ponto de fazerem uma grande reportagem. As barras de pole dance, o papel de parede e até cadeiras eróticas podem se retiradas, se os hóspedes assim o desejarem.

Alguns proprietários já se anteciparam e estão redecorando as suítes com visuais mais neutros. Outros mudaram até o nome de "motel" para "pousada". Mesmo adaptados, os motéis de Belém estão com os preços bem salgados: subiram de cerca de US$ 150 (R$ 835) por noite para até US$ 650 (R$ 3.618). 

INFORME ESPECIAL

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