02 de setembro de 2015 | N° 18282
MOISÉS MENDES
Barbosa, de novo
No fim, Dilma poderá ser cassada por causa da recessão, da inflação de 9% e do desemprego de 8%. Porque as outras alegações vão perdendo força e possíveis aliados. Vão se fragilizando os esforços para dar status de veredicto ao futuro parecer do Tribunal de Contas da União contra as pedaladas e à sentença do Tribunal Superior Eleitoral contra as contas da campanha Dilma-Temer.
A direita certamente não contava que Joaquim Barbosa fosse enfraquecer a ideia do impeachment ou da cassação. Em palestra em São Paulo, o ex-ministro do Supremo demoliu o TCU e quase pulverizou o TSE.
Vejam o que Barbosa disse do Tribunal de Contas: “É um playground de políticos fracassados que, sem perspectiva de se eleger, querem uma boquinha”.
E mais esta: “O TCU não tem estatura institucional para conduzir algo (o parecer que levaria ao impeachment) de tamanha gravidade”. E agora sobre o TSE: “É um órgão cuja composição não ajuda, porque muitos de seus membros também exercem simultaneamente a atividade advocatícia”.
O TSE, diz Barbosa, no máximo tem poder para afastar “governadores de Estados menores, mas não um presidente da República”.
Eu e boa parte da torcida do Flamengo temos restrições à conduta de Joaquim Barbosa. Eu esperava dele uma lição categórica e irretocável de sábio da Justiça. Torci para que, sempre pela lei, como ensinavam os grandes xerifes, a cidade ficasse limpa de todas as quadrilhas.
Barbosa vinha bem, mas saiu precocemente do Supremo, depois do mensalão, e fragilizou a própria imagem e o compromisso de fidelidade à instituição. Deixou para trás quadrilhas com bandoleiros escondidos em telhados, galhos e poleiros diversos.
Podem achar, por isso mesmo, que Barbosa não tem autoridade para desqualificar colegas de outros órgãos. Mas ex-integrantes de qualquer atividade são bons mesmo como palpiteiros. Barbosa deu o palpite a que tem direito sobre o TCU e o TSE. Os que se enganaram e torceram ingenuamente pela sua adesão ao golpe devem estar muito abalados.
Para completar a ideia lá do começo. No final de 2002, FH deixou o governo com inflação anual de 12,5%. O desemprego pulou para 12,6%. E o dólar, em alguns momentos do final do governo, chegou a R$ 4. Mas dizem, claro, que eram outros tempos.
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