23 de setembro de 2015 | N° 18303
FÁBIO PRIKLADNICKI
OS TRÊS TENORES
Entre as minhas lembranças musicais de juventude, uma das mais marcantes é o CD do primeiro encontro dos Três Tenores na prateleira de discos dos meus pais. Muito celebrado na época, era daqueles álbuns que todo mundo comprava, assim como ocorreu, algum tempo antes, com uma coleção de LPs de música clássica da Abril cujos encartes apresentavam os compositores ao público em geral – lá em casa, tinha de Chopin, Beethoven e Tchaikovsky. Não subestimo a importância desses modismos. Foi através deles que comecei a escutar música de concerto e imagino que isso tenha ocorrido com muita gente.
O segredo é entregar um produto de qualidade, e isto os Três Tenores tinham de sobra. Deu tão certo que eles se reuniram novamente nas Copas de 1994, 1998 e 2002. Para quem quiser relembrar, o selo Decca está lançando um estojo comemorativo de 25 anos do show de 1990, que teve regência de Zubin Mehta, incluindo CD e DVD.
Foi um grande amigo, respeitável tenor, que me apresentou Nessun Dorma, presente no estojo em duas versões: uma com Pavarotti e outra dele acompanhado por Carreras e Plácido Domingo. Desde então, não consigo mais ouvir essa ária sem aguardar ansiosamente o momento do dó de peito, uma nota particularmente alta que não é para o bico de qualquer cantor.
Depois de uma sequência de grandes clássicos, o disco termina com pot-pourris de canções populares de diferentes países. Não há dúvida: os Três Tenores são pop. Foi com certa nostalgia que ouvi novamente a gravação, depois de muito tempo. Fico aqui admirando essas figuras cativando um público que talvez não ouvisse música clássica se não fosse por eles.
Pavarotti virou inclusive título de um funk carioca. Claro que temos, hoje, artistas como David Garrett e 2Cellos, que atuam na seara do crossover, mas tenho dúvida de que levem seus fãs a ouvir música de concerto. Com suas auras estelares, Carreras, Domingo e Pavarotti têm uma mágica meio inexplicável.
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