terça-feira, 15 de setembro de 2015


15 de setembro de 2015 | N° 18295CAMPO ABERTO | 
Joana Colussi

COOPERATIVAS DO PARANÁ MEXEM COM MERCADO GAÚCHO


Ao assumir as operações da cerealista gaúcha Marasca, a cooperativa parananense C.Vale deu início a um movimento que já começa a refletir no mercado de grãos no Rio Grande do Sul. Com um sistema agroindustrial consolidado, e atuação nos principais Estados produtores do país, cooperativas do Paraná costumam seguir o rastro das concorrentes.

Após a C.Vale chegar no mês passado ao Rio Grande do Sul, onde irá incorporar as 32 unidades da Marasca, ganharam força os rumores de que a gigante Coamo, cooperativa de maior faturamento da América Latina, também estaria com malas prontas para desembarcar em solo gaúcho. Oficialmente, a cooperativa com sede em Campo Mourão (PR) nega qualquer movimento em direção ao Rio Grande do Sul. Mas, nos bastidores, executivos confirmam as investidas da paranaense em cerealistas e cooperativas gaúchas.

– As cooperativas do Paraná têm uma forte vocação agroindustrial, e o Rio Grande do Sul é um grande produtor agrícola. É natural que haja uma inclinação para o nosso mercado – avalia Vergilio Perius, presidente da Organização das Cooperativas do Estado (Ocergs).

Com 116 unidades no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, a Coamo faturou R$ 8,6 bilhões em 2014. Maior exportadora do Paraná, a cooperativa tem indústrias de esmagamento de soja, de margarinas e gorduras vegetais, além de fiações de algodão. A concorrente C.Vale, com sede em Palotina (PR) e unidades nos mesmos Estados, além de Mato Grosso, chegou a R$ 4,64 bilhões – firmando-se como uma das principais exportadoras de frango do país.

– O modelo gaúcho, de compra e venda de grãos, faliu. É preciso repensar esse tipo de negócio, o ciclo fechou – avalia Vitor Bento Marasca, presidente da Marasca, de Cruz Alta, que faturou R$ 1,2 bilhão em 2014 e em agosto deste ano passou a gestão da empresa à C.Vale.

Marasca nega que a decisão tenha sido motivada por dificuldades financeiras, apesar de admitir que não via mais futuro no modelo de negócio voltado exclusivamente ao recebimento de grãos e venda de insumos.

– O caminho é agregar valor, com a transformação dos grãos e busca pelo mercado internacional – diz José Roberto Ricken, superintendente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).

Presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro), Paulo Pires prevê uma competição maior entre as empresas do setor com a entrada de concorrentes paranaenses, mas avalia como um processo normal de mercado.

– O sistema cooperativo gaúcho é altamente competitivo, temos dezenas de exemplos que compravam isso – contrapõe.

RETORNO DA ZONA RURAL
Após 16 anos, Porto Alegre voltará a ter uma Zona Rural reconhecida. A Câmara de Vereadores aprovou ontem, por unanimidade, o projeto de lei complementar que recria a área de produção no Extremo Sul da cidade. A proposta restaurou a área agrícola da Capital extinta quando da aprovação do atual Plano Diretor, em 1999. Pelo projeto, 8,2% do território do município será considerado Zona Rural, abrangendo 350 propriedades. Produtores poderão obter licença para criação de animais, por exemplo, além de acessar com mais facilidade linhas de crédito agrícola.

A SIMBIOSE, EMPRESA GAÚCHA DE DEFENSIVOS BIOLÓGICOS, INICIOU A EXPORTAÇÃO DE SEUS PRODUTOS PARA A ÁFRICA. POR ENQUANTO, OS EMBARQUES TERÃO COMO DESTINO A ANGOLA.

FISCAIS EM GREVE
Os fiscais agropecuários federais decidiram entrar em greve a partir de amanhã. Após rejeitar a proposta de reajuste oferecida pelo Ministério do Planejamento, a categoria decidiu paralisar as atividades por tempo indeterminado. Os servidores receberam com indignação as medidas anunciadas ontem pela equipe econômica do governo federal, entre as quais, o adiamento do reajuste dos servidores e a suspensão de concursos públicos. Todos os cortes somam R$ 26 bilhões.

NO RADAR
A BAIXA qualidade da rede elétrica e as constantes quedas de tensão no meio rural brasileiro serão discutidas hoje na Câmara dos Deputados, em Brasília. A audiência pública foi solicitada pelo deputado Heitor Schuch (PSB).

NA ESPERANÇA DA REAÇÃO
Ao primeiro olhar, o sentimento dos produtores frente às lavouras de milho danificadas pela geada do fim de semana é de perda total. Com 32% da área prevista já semeada, conforme a Emater, a cultura teve o ciclo antecipado pelas altas temperaturas registradas em agosto. São justamente essas plantas, em ciclos mais avançados, que sofreram os maiores danos com o orvalho congelado.

– Ainda é cedo para avaliar qualquer estrago. É preciso esperar pelo menos uma semana para ver se as plantas irão reagir – explica Claudio de Jesus, presidente da Associação dos Produtores de Milho do Rio Grande do Sul (Apromilho-RS).

A geada queima e seca as plantas, deixando-as com uma cor mais escura. Antes do fim de semana, as lavouras estavam em boas condições de desenvolvimento na região das Missões (antes e depois acima).

– Agora, a única coisa a fazer é acompanhar as lavouras antes de tomar qualquer decisão – completa.

Caso não haja reação, a alternativa será o replantio da cultura ou a migração para a soja. O temor é de que a área de milho encolha ainda mais no Estado. A área destinada ao cereal na safra atual é a menor da história, inferior a 800 mil hectares.

Pelo segundo mês consecutivo, as exportações de carne bovina brasileira ampliaram o faturamento e somaram

US$ 507,4 milhões.

O resultado de agosto, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), é o melhor do ano para o setor.

O CADASTRO Ambiental Rural (CAR) no país foi preenchido por 58,79% das propriedades passíveis de cadastro, conforme o Sistema Florestal Brasileiro. No Rio Grande do Sul, o percentual continua sendo o mais baixo entre os Estados, com menos de 10% das propriedades cadastradas.

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