21 de setembro de 2015 | N° 18301
MARCELO CARNEIRO DA CUNHA
QUANDO OS PIORES AMAM
Gretchen e Jimmy são exemplares daqueles seres digamos humanos que não dão a mínima para os 10 mandamentos e para nenhum outro mandamento, ordem ou sugestão de boa conduta. Eles pisam sobre os mais fracos, mentem para levar vantagem, tiram moedas do cego da esquina e contam pras criancinhas que Papai Noel não existe. E, ainda assim, se amam. Esse foi o tema da primeira temporada de You’re the Worst, e a segunda acaba de estrear nos Estados Unidos.
Uma das vantagens de não se tentar parecer uma boa pessoa é a sinceridade que se pode praticar. Jimmy e Gretchen, essas péssimas almas, podem ser sinceros da forma que a maioria dos casais jamais poderia fazer. Eles acreditam um no outro, no sentido em que acreditam que o outro seja capaz das ações mais torpes, sem culpa. Assim, nada que o parceiro possa aprontar chega a ser uma surpresa ou desapontamento.
Jimmy e Gretchen são livres, no sentido em que não têm nada a perder ou a demonstrar que não a sua verdade, feiosa, mas verdadeira. Desse modo o amor deles pode realmente ser real, porque acontece entre duas pessoas que se entendem, se veem pelo que são, e não pelo que idealizam, e gostam do que veem, mesmo que isso produza arrepios em quem os assiste.
Eles são seres dessa época, desprovidos de muito calor, mas cheios de informação e referências. Eles sabem muito, Jimmy é escritor e culto, Gretchen é assessora de imagem de famosos, gente que consegue ser ainda pior do que ela. O que eles não sabem é o que fazer quando duas pessoas como eles dois acabam juntos. O que fazer com o outro quando se vivia muito feliz na companhia do próprio umbigo?
You’re the Worst é comédia das boas e não é tola, e você seria um sujeito inteligente se tentasse ver, quando e onde passar.
Fica a dica.
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