quinta-feira, 24 de setembro de 2015


24 de setembro de 2015 | N° 18304+ ECONOMIA | 
Marta Sfredo

DÓLAR SEM ÂNCORA


Só há uma certeza entre os estudiosos e operadores do mercado cambial: sem fatos novos, a tendência da moeda americana é só subir. E, dependendo das novidades, subir ainda mais. O mercado cambial está especulativo, e a cotação não tem âncora em acontecimentos reais ou expectativas prováveis. A incerteza é o combustível da decolagem, que tem sido diariamente reabastecido, ora por trapalhadas do governo ora por desatinos do Congresso.

Como ficou evidente ontem, quando ofereceu contratos novos que representam garantias contra a desvalorização futura do real e foi ignorado, o Banco Central tem pouco a fazer. Esse é o diagnóstico até de quem admite intervenções em momentos cruciais, como Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco, disse ao jornal Valor. O economista ainda comparou à “contabilidade criativa” a ideia de vender reservas internacionais do BC para reduzir a dívida bruta do país.

E enquanto o dólar testa novos patamares, começa a surgir um novo comportamento no mercado. Gustavo Candiota, da Câmbio Ideal, relata um fenômeno novo na empresa, que faz transações em moeda estrangeira desde para viajantes até para quem, no passado, comprava imóveis nos Estados Unidos.

Embora o mercado esteja comprador no atacado, no varejo está começando a aparecer, confirme o relato de Candiota, um número maior de pessoas vendendo dólares entesourados em casa há muito tempo.

– Não é um grande volume, mas o número de vendedores com esse perfil aumentou – relata.

Em certos casos, as cédulas são das décadas de 1980 e 1990, só aceitas nos Estados Unidos. A empresa compra, com deságio, mas a operação ainda é considerada vantajosa para quem vende. Candiota vê no rompimento dos R$ 4 um “divisor de águas” que vai demorar a retornar. Se retornar.

ESPANTAR O MEDO

Depois da prostração que dominou líderes empresariais com o aumento de ICMS na Assembleia Legislativa, agora a intenção é tocar em frente. Presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre, Gustavo Schifino (na foto, com a mão no queixo) ficou quase 12 horas nas galerias, chegou a vislumbrar a rejeição do projeto do governo, mas acabou frustrado.

– Fizemos o possível, sabíamos que ia ser apertado, mas a tese que prevaleceu não foi ‘o que o governo merece’, mas ‘o que o governo precisa’. Agora é chacoalhar a poeira e trabalhar – disse Schifino ontem, após “digerir” a decisão do Legislativo.

Líderes empresariais do Estado começam a traçar planos para o futuro imediato. O mais desenvolvido é uma campanha para articular um “pensamento mais positivo em relação ao atual momento” e amenizar o que enxergam como a exacerbação do medo entre a população, especialmente de Porto Alegre, ainda fruto de sucessivos episódios de violência e da disseminação de rumores em redes sociais. A ideia é tocar o projeto ainda em setembro.

O RECURSO DO PIRATINI PARA QUESTIONAR AS CONDIÇÕES DA DÍVIDA COM A UNIÃO SURPREENDERAM ESPECIALISTAS EM CONTRATOS NO ESTADO. UM DELES CONSIDEROU FRACOS OS ARGUMENTOS, PONDERANDO QUE NÃO SÃO JURÍDICOS OU ECONÔMICOS, MAS POLÍTICOS.

TEM NOVA unidade da Multisom em Porto Alegre, no Boulevard Assis Brasil. Vai se juntar à rede de mais de uma centena de lojas especializadas em eletrônicos, telefonia, informática e instrumentos musicais.

TRANSFORMADOR DE VOLTAGEM

Pode complicar de novo a situação da CEEE Distribuidora. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) põe em discussão hoje a reabertura da audiência pública sobre os critérios de extinção das concessões que já expiraram ou expiram neste ano. A CEEE-D opera desde 8 de julho em modo “acordo de cavalheiros”, sem contrato de concessão. A agência informou ontem o valor devolvido pelas concessionárias aos clientes como compensação por interrupções de energia acima do tolerável. No Estado, a AES Sul pagou R$ 6,8 milhões, a CEEE, R$ 5,7 milhões e a RGE, R$ 4,6 milhões.

PREÇO ANTICRISE

Começa a se difundir a noção de que, se com os preços atuais, as lojas estão vazias, promoções representam uma boa tentativa de voltar a enchê-las. O Iguatemi de Porto Alegre fez uma pesquisa que comprovou o que a observação indica: o consumo está focado em entretenimento. Para tentar equilibrar o jogo, criou um novo atrativo: a Liquida Casa, de hoje a 27 de setembro, com descontos em eletrodomésticos, cama, mesa, banho, decoração e linha branca.

PARA CONSTRUIR

Nem todos os indicadores pioram sem parar. O Termômetro do Varejo, índice mensal do Sindilojas Porto Alegre, detectou em agosto pequena alta de 0,4% nas vendas de material de construção, comparadas ao mesmo período do ano anterior. O segmento vem se mantendo ao longo do ano: de janeiro a agosto, há aumento de 0,2%.

Um dos mais afetados é o segmento de vestuário e calçados, que teve no mês passado nova queda de 1,5% em relação a agosto de 2014.

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