quinta-feira, 17 de setembro de 2015



17 de setembro de 2015 | N° 18297 
LUCIANO ALABARSE

JULIETTE BINOCHE


No dia em que correu o mundo a notícia de que o Estado Islâmico explodira o templo de Baal- Shamin, na Síria, relíquia com mais de 2 mil anos e considerada patrimônio da humanidade, assisti a Mil Vezes Boa Noite, cinema adulto, comovente e assustador. Juliette Binoche encarna uma personagem dividida entre o amor real por sua família e o trabalho como fotógrafa de guerra em zonas de conflito. 

O filme termina com cena impactante: a preparação de uma menina-bomba para imolação terrorista. Enquanto uma van a leva para seu destino, a mãe cai de joelhos na rua de areia, seguida por uma Binoche perplexa.

Apaguei o DVD e a lâmpada. Treva e escuridão, dia medonho. Seja nos países do Oriente Médio ou nos bairros sem segurança de Porto Alegre, a barbárie ronda o mundo e avança. Mas não dá pra ficar trancado em casa, renunciar à vida, semear medos paralisantes. Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Andar na rua, ir ao teatro, rir, sonhar, valorizar coisas legais.

O disco novo de Mauricio Pereira, se dependesse de mim, ganharia a capa de todos os cadernos culturais da imprensa brasileira. Pra Onde que Eu Tava Indo é bom demais. Começa com Nelson Cavaquinho e termina com o Ciao Amore, Ciao, do Luigi Tenco. Entre os dois petardos, 10 canções inéditas, uma genial: Criancice. Todas, absolutamente todas, incríveis.

Já que falei nela no início, termino contando uma história verídica. Em Paris, acompanhando o Festival de Tango do meu amigo Villalba, parei na sala do diretor do teatro para cumprimentá-lo. Engatamos uma conversa interminável até que, constrangido, me convidou a tomar café com uma amiga que o estava esperando. Convite aceito, fomos onde a tal amiga, Juliette Binoche em carne e osso, já o aguardava. Passamos horas, os três, conversando, ela muito simpática e enlouquecida com a filha que não parava quieta. Na volta, meu novo amigo pediu desculpas por me fazer ficar tanto tempo com eles.

Pedir desculpas por me apresentar Juliette Binoche? Só na França... COLUNAS ANTERIORES: zhora.co/alabarse


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