segunda-feira, 28 de setembro de 2015



28 de setembro de 2015 | N° 18308 
MARCELO CARNEIRO DA CUNHA

QUANDO DÁ ERRADO


Desde sempre o pessoal tenta tirar o máximo de cada história que dá certo. Nas séries, acontece o fenômeno dos spin-offs, as séries que dão origem a séries. Algumas dão supercerto, e eu incluo dentro deste universo a primorosa Better Call Saul e Fear the Walking Dead. Mas há as que afundam, e eu colocaria nesse grupo a estranha The Bastard Executioner e a zumbiana Z.Nation.

The Bastard Executioner é um outro jeito de tentar dizer Game of Thrones, me parece. O cenário é medieval, com o País de Gales de cenário, um teco mais realista do que Westeros, mas não muito. O linguajar é estranho, todo mundo fala como se tivesse engolido Ham­let no café da manhã, e o efeito é pesado, até mesmo porque nem Hamlet é Hamlet o tempo inteiro. Sangue espirra, sexo é brutal, temos bruxas, ou algo assim, tortura, e os demais elementos que tornavam a Idade Média tão agradável. Mas a história se arrasta pelos pântanos gauleses, afundando de tempos em tempos. Em bom facebuquês, je n´est curti pas.

Já Z.Nation começou com um filme e virou série, claramente para aproveitar do efeito The Walking Dead. O que parece esquisito? Os zumbis são rápidos demais. Eles viram zumbis e se movem na velocidade de antílopes, tão rapidamente que nenhum humano duraria mais de meia hora no bravo novo mundo zumbi. The Walking Dead funciona porque os zumbis se deslocam com a velocidade média do trânsito de São Paulo. 

Dá pra fugir numa boa, até de ônibus. Eles são lentos, mas constantes, e por isso pegam humanos distraídos de tempos em tempos. Mas não se movem na velocidade da luz, como em Z.Nation, e, por isso mesmo, funcionam.

Séries derivadas de séries existem e vão seguir existindo. Umas vão funcionar e outras não. The Bastard e Z.Nation não funcionam, mas isso não deve nos desanimar. Muitas vão funcionar, e aí está, no final, a beleza da coisa.

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