segunda-feira, 1 de dezembro de 2014


01 de dezembro de 2014 | N° 18000
MARCELO CARNEIRO DA CUNHA

UMA PONTE LONGE DEMAIS

Um dos sucessos mundiais da teledramaturgia escandinava foi e é Bron/Broen, ou, na Globosat, The Bridge. A primeira temporada causou espanto pela lindeza das cenas, a dureza do argumento e a sofisticação da dramaturgia. Além disso, a ótima dupla de personagens disfuncionais, um policial dinamarquês um tanto cansado das suas rotinas e uma esquisita policial sueca, com uma forma um tanto diferente de processar as emoções, encantaram crítica e público.

The Bridge deu tão certo que os norte-americanos entraram em cena, desta vez para estragar o que era doce fazendo uma versão sobre a ponte que separa Estados Unidos e México. Pois a dupla formada por Saga, a esquisita, e Martin, o bonachão, ganhou uma segunda temporada, na qual os criminosos são mais ecológicos, e suas causas mais incompreensíveis.

Um dos encantos de Bron, The Bridge, A Ponte, ou como resolvermos chamar, é este: estamos vendo histórias um tanto ousadas no conteúdo e na forma, contadas por gente que funciona de um jeito que nos espanta. Talvez esse mergulho no universo pessoal dos descendentes dos vikings seja, para nós, brasileiros, uma fonte de atração. Eles são diferentes, pensam diferente, beijam diferente e se movem em outra dimensão.


Hollywood adora eliminar as diferenças, e por isso mesmo é bom ver as séries feitas em outros polos, em outras culturas. Bron é gelada, branca, escura, contida, mesmo nos momentos em que nos revela os horrores de seus crimes e criminosos. Eu vi uma Copenhague muito diferente, com cores, calor, encantadora. Mas estive lá justamente no final de semana em que houve verão. No resto do tempo, suspeitamos, as coisas são mais ou menos como Bron mostra. Uma história intensa e fria, em um mundo que talvez seja mesmo assim. Veja e sinta.

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