sábado, 27 de dezembro de 2014


28 de dezembro de 2014 | N° 18026
PAULO SANT’ANA

O céu de Punta

Punta del Este é um paraíso encravado no inferno do Uruguai.

Punta del Este foi erguida pelos argentinos para gozar as delícias da praia, a delicadeza do trânsito e, principalmente, a vantagem enorme de não conviver com os uruguaios. Há gente de todo o mundo em Punta, menos uruguaios. Por isso, os argentinos se refugiaram lá.

Mas, aos poucos, os argentinos estão cedendo terreno em Punta del Este para os brasileiros, em breve haverá mais brasileiros em Punta do que argentinos.

É que as sucessivas crises financeiras que assolaram a Argentina pós-Perón foram empobrecendo os portenhos e eles passaram a vender suas casas e apartamentos em Punta del Este.

Não vou a Punta del Este por sua beleza natural e arquitetônica, que é indiscutível. Vou por dois motivos: os cassinos e os pêssegos.

São os pêssegos mais deliciosos do mundo, os de Punta, mais doces que as tâmaras do Líbano e mais suculentos que as laranjas de Taquari.

Pena que os pêssegos de Punta não dão nas quatro estações. Mas na única estação que vicejam já me bastam para comer centenas deles em apenas 60 dias.

Não é preciso dizer que tanto o Oceano Atlântico quanto o Rio da Prata, que banham as duas margens da península em Punta, têm águas geladas, nem sei como alguns turistas se atrevem a mergulhar nelas.

Se Punta del Este tivesse as águas das suas praias quentes como as de Jurerê, seria a cidade mais frequentada do mundo.

Mas a água é gelada, nem pinguim conviveria com ela.

Mas as ruas e avenidas de Punta são limpíssimas, arejadas por árvores inúmeras e têm um trânsito pacífico e convidativo como não há igual em nenhuma cidade do planeta.

Eu nunca vi um acidente de trânsito em Punta del Este. Dizem que já houve, mas eu nunca vi. É de admirar isso, afinal é estreita a península, mas acontece que o trânsito só é intenso no verão. No inverno, parece trânsito destinado exclusivamente aos pedestres, tão suavemente se comportam os motoristas em Punta.

Finalmente, é incrível, mas não há sequer um negro em Punta del Este. A 150 quilômetros de Punta, em Montevidéu, há milhares de negros.

Mas em Punta nenhum empregado, nenhuma empregada doméstica negra, nem camareiras de hotel.

Foi feita em Punta uma segregação racial pacífica e não violenta. Há mais negros na Dinamarca e na Noruega do que em Punta del Este.

Ou melhor, não há sequer um só negro ou uma só negra em Punta.

MEUS LEITORES

- Sobre “Olá, estou aqui agora”,

publicada em 21/12/2014

Grande Sant’Ana, agora que tu estás escrevendo só aos domingos, aproveita que tens mais tempo livre e coloca um pouco de juízo na cabeça dos dirigentes do Grêmio. Precisamos de um bom time ano que vem para a Copa do Brasil. Boa sorte nesta nova empreitada. Abraço.

VAGNER RODRIGUES PAGANO

Resposta Eu ando muito desiludido com o Grêmio, Vagner. Mas a esperança é a última que morre. Aliás, a última não: a penúltima.

- Sobre “A mudança”, publicada em 18/12/2014

Prezado

Todos os gaúchos, quando pegam ZH, visualizam a capa do jornal e depois correm para ler a vossa coluna, pois é um hábito de todos os leitores de ZH a coluna escrita por Pablo. Diz muito com o pensar e gostar do povo gaúcho. Por isso tudo, teremos que reaprender a ler ZH novamente. Forte abraço.

JORGE LUIZ GOUVEIA EHLERS

Resposta Eu te aconselho uma coisa muito simples, Jorge: compra ZH só nos domingos, que não vais te arrepender.

O MELHOR DE MIM

(Pensamentos extraídos do meu arquivo de colunas)

Só há razão de viver no entusiasmo. E o entusiasmo nasce da coragem.

A vida, em todo dia que se acorda de manhã, tem que nos apanhar mobilizados para a felicidade.

É muito importante o que o homem faz, mas eu daria um doce para saber o que ele pensa. E, entre o que faz e pensa, quase sempre tropeça num abismo.


O coração não sente ciúme. O coração só ama. Quem sente ciúme é o cérebro. Por isso se diz que o ciúme é coisa da cabeça da gente.

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