24/12/2014
e 25/12/2014 | N° 18023
EDITORIAL
NATAL SEM LUZ
O
drama dos que ficaram sem energia deve ser enfrentado com investimento e
respeito aos usuários, e não com ações que ferem direitos e conturbam o dia a
dia.
Uma
sequência de fatos negativos conspirou, nos últimos dias, contra as tentativas
de oferecer notícias mais apropriadas ao período que antecede o Natal. O
bloqueio de estradas, como forma de protesto contra a falta de energia, em
alguns casos com atos de vandalismo, é uma atitude extrema que não contribui
para a solução de um problema que não deve ser atribuído apenas aos danos
produzidos pela natureza, mas à ineficiência de um serviço público essencial.
É
natural que as milhares de famílias à espera da volta da luz, depois dos
temporais, expressem revolta e indignação. Mas não é razoável que a
manifestação desse desconforto, com efeitos econômicos e sociais, acabe por
provocar prejuízos que os próprios manifestantes condenam. Qual é o sentido de
bloquear rodovias, causando transtornos a quem não tem nenhuma relação com os
fatos em questão, se tal iniciativa não contribui em nada para a resolução do
impasse? Há, numa ação como essa, total desconsideração pelos direitos dos
outros.
Esse
é um recurso usual, nas mais variadas situações, mas totalmente esgotado como
ação capaz de mobilizar autoridades ou os setores envolvidos no atendimento de
demandas. A crítica a tal comportamento não significa, de forma alguma, o não
reconhecimento do drama enfrentado pelos que estão há vários dias sem energia.
Municípios
às escuras retornam, literalmente, à idade das trevas, o que é inconcebível nos
dias de hoje. Não há desculpa para a repetição de um cenário comum em situações
semelhantes. Por mais devastadoras que tenham sido as tempestades, não é
aceitável que algumas regiões sofram interrupção dos serviços por tanto tempo.
Essa é, ressalte- se, uma deficiência de todas as concessionárias, que apenas
se revezam como produtoras de revoltas e como alvo de queixas de usuários
desencantados. Falham as empresas na lentidão com que encaminham os consertos e
também nos gargalos de comunicação com quem ficou às escuras.
O
que o bom senso recomenda é que todos, inclusive os políticos – muitos deles
ultimamente preocupados em aumentar altos salários do serviço público –
participem do esforço para a solução dos problemas. Serviços ineficientes
precisam ser enfrentados com a correção de processos, planejamento,
investimentos e mais respeito aos que os sustentam.
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