10
de dezembro de 2014 | N° 18009
EDITORIAL
ZH
COMO CONTROLARA ROUBALHEIRA?
O próprio
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reconhece que o esquema de corrupção
da Petrobras é o maior da história do país
No
Dia Internacional de Combate à Corrupção, assinalado ontem pela ONU para o
debate de políticas de prevenção e controle da corrupção no mundo, três episódios
registrados pela imprensa brasileira evidenciam a fragilidade dos mecanismos
fiscalizatórios em nosso país: o contrato de R$ 886,5 mil entre a empresa
Camargo Corrêa e a consultoria do ex-ministro José Dirceu, a renúncia do
ministro Jorge Hage denunciando as falhas da Controladoria- Geral da União e a
mensagem do procurador-geral da República afirmando que o esquema de propinas
da Petrobras é o maior da história do Brasil.
Analisados
individualmente, cada um desses fatos evidencia o descalabro da administração pública
e a urgência de aperfeiçoamento nos mecanismos de controle, que precisam se
tornar efetivos e preventivos. É louvável que o Ministério Público e a Polícia
Federal estejam agindo contra corruptos e corruptores, mas seria muito melhor
se a roubalheira fosse contida no seu início, evitando prejuízos para a
sociedade e descrédito para o país.
Ainda
que o contrato entre a pequena empresa do ex-ministro e a empreiteira
investigada na Operação Lava-Jato tenha aparência de legalidade, os valores
elevados pagos para serviços especificados como “análise de aspectos sociológicos
e políticos do Brasil” remetem à suspeita de tráfico de influência – uma das
acusações de que foi alvo no processo do mensalão. Como a empresa referida tem
contratos importantes com a Petrobras, fica evidente a falta de transparência
nesta relação.
A saída
do ministro Jorge Hage, depois de oito anos no comando da Controladoria- Geral
da União, também ocorre num momento de turbulência, que escancara as insuficiências
do órgão controlador. Ele defende o ressarcimento à Petrobras por parte das
empreiteiras flagradas na Operação Lava- Jato, a revisão dos contratos
superfaturados, a revelação dos nomes de quem recebeu e pagou propina e ainda
uma exposição transparente do funcionamento do esquema dentro da estatal. Talvez
por isso esteja saindo.
O próprio
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reconheceu em mensagem aos seus
companheiros de Ministério Público que o esquema de corrupção da Petrobras é o
maior da história do país. Ele promete trabalhar pela punição dos responsáveis.
É bom que o faça. Mas o Brasil precisa mais do que a punição de corruptos e
fraudadores. Precisa de mecanismos de gestão e controle eficazes na administração
pública, que previnam a corrupção antes que ela gere prejuízos irreversíveis
para toda a sociedade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário