segunda-feira, 15 de dezembro de 2014


15 de dezembro de 2014 | N° 18014
PAULO SANT’ANA

Versos irresponsáveis

Como disse o Verissimo,

Nosso cronista ilustríssimo,

Se se depara um casal

Em tudo ele é igual.

Não tem nexo,

Não tem sexo,

As diferenças se somem,

Não se sabe quem é o homem

Nem também quem é a mulher.

Adivinhe quem puder.

Há muita mulher de bombacha

E homem de salto alto.

Por isso me sobressalto

Quando tem alguém que acha

Que não existe diferença

Nem no andar ou no porte

Os dois são assim de nascença

E o serão até a morte.

Não me surpreende que um dia

Assim nessa calmaria

Homem vire parturiente

E dê à luz um pimpolho.

Na verdade ando de olho

Na transformação dessa gente:

Tem homem de unha esmaltada

E há mulher de bigode.

Eu nem sei como é que pode

Vida assim atravessada.

Por isso assim é possível,

Perfeitamente factível,

Homem de saia plissada

E mulher de coco pelado.

Tudo mudou, o mundo está virado.

De tal sorte que calculo

Que eu mesmo ando duvidando,

Coisa que não engulo,

Mas anda me afligindo:

E seja o que Deus quiser,

Será que vivo fingindo?


Serei homem ou mulher?

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