20
de dezembro de 2014 | N° 18019
PAULO
SANT’ANA
Estrada não é local para protesto
Da
vez primeira que me assassinaram, foi num jantar na segunda-feira passada.
Outras
vezes virão em que vão continuar me assassinando.
Como
dói o aço frio de um punhal nos penetrando!
Da
vez primeira que me assassinaram
Perdi
um jeito de sorrir que tinha.
Doravante,
nas outras vezes que me assassinarem
Irão
levando alguma coisa minha.
Eu
me queixo por leviandade minha. Sei bem que nada é perpétuo, não seria a melhor
coisa da minha vida, o melhor amigo que já tive, que não iria me falhar.
É que
eu fui mal-acostumado, sempre e sempre através dos anos aquele amigo a meu
lado, pronto para todas as paradas.
Um
dia, haveria de falhar. Eu é que pensei que fosse eterno.
Mas,
se perco um amigo, me resta no entanto meu motorista. A me guiar por todas as
ruas desta cidade, velando por mim em todos os recantos, cuidando na direção do
meu carro da minha integridade física, um anjo da guarda a proteger-me.
Do
meu motorista não exijo lealdade, exijo competência no seu mister.
Eu
gostaria que minha filha tivesse por mim os cuidados velados que minha mulher
tem por sua mãe (minha sogra).
Mas
não. À minha filha, pouco se lhe dá o que me acontece, enquanto minha mulher
chega a ser chata ao amparar diariamente e em todas as horas a minha sogra.
Ah,
se eu tivesse uma filha que não se desgrudasse de mim!
Já novamente
um grupo de cem pessoas interrompeu uma estrada importante e parou o tráfego
por horas numa via que é muito trafegada no RS.
Vão
ter de acabar com isso. Qualquer protesto por qualquer motivo leva os
protestantes a interromperem as estradas. O que é que os motoristas têm a ver
com isso?
Isso
tem de parar. É preciso que as polícias sejam instruídas para não permitirem,
por nenhum modo, que interrompam as rodovias para fazer protestos.
Lugar
de protesto é fora das estradas, ora bolas!
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