08
de dezembro de 2014 | N° 18007
PAULO
SANT’ANA
O risco das
motos
Vejam
o caso da bela garota que anda costurando na carona da moto de seu namorado
entre os carros do trânsito enlouquecido.
Seu
namorado não possuía dinheiro para comprar um carro e tinha de dar a ela o
prazer de transitar por toda a cidade. Lembrou da moto e propôs a ela que
aceitasse o tremendo risco de ser transportada na carona, daqui para ali, de lá
para cá, correndo o risco de morrer todos os dias.
Ela
topou e andam de moto pela cidade dois presuntos vivos. Daí a pouco, a moto
baterá ou entrará em queda e lá se vão duas vidas prometedoras.
Eu
estou com essa menina: sem transporte é que ela e o namorado não podiam ficar.
E
eles vão, na verdade, enquanto sua moto não bate ou não entra em queda, sendo
felizes. E privilegiados: não ficam atrás de nenhuma fila de carros e lá se
vão, costurando o destino entre os automóveis.
Existe
um outro privilégio para eles: não gastam em quase nada de combustível, a moto
consome muito pouco. Na verdade, a moto consome muito são vidas no trânsito.
Mas
é preciso ter coragem para ser feliz: ela e seu namorado arriscam a vida
dezenas de vezes por dia no trânsito.
Num
mês, são centenas de vezes em que arriscam suas vidas. Num ano, são milhares. E
só sobreviverão se contrariarem a lei das possibilidades, do jeito que arriscam
a vida, dali a pouco baterão com sua moto.
Isso
é fatal e acontece com milhares de motoqueiros e namoradas nas caronas de sua
motos.
Nem
sei se nas motos são empregados cintos de segurança. Se existem, de que
adiantariam?
Esses
dias, vi um motoqueiro, presumivelmente casado, com sua mulher na carona, e no
colo a mulher carregava um bebê.
Ou
seja, o bebê nem tem consciência do risco que corre, mas a mulher e o
motoqueiro sabem do risco que correm. E aceitaram o risco.
O
diabo é que o bebê nem foi consultado.
É
uma loucura o trânsito de motos.
E,
se as autoridades não o permitissem, estariam sendo atrabiliárias. Só elas é
que podem ser transportadas em seus confortáveis carrões?
Não,
todos têm direito à morte, mais ainda os motoqueiros.
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