O país agora sabe o que faz a presidente quando obrigada a encarar uma salada de notícias intragáveis: pensa em macarrão
No sábado e no domingo, os botões dos terninhos que só saem do armário em dias de folga ouviram mais de uma vez a pergunta de Dilma Rousseff: o que poderia ser pior que a primeira semana deste dezembro? A segunda semana do mesmo dezembro, avisou já na manhã do dia 8 o atordoante recomeço do desfile de más notícias que tem tirado o sono do governo desde a descoberta do Petrolão.
Nesta segunda-feira, entre o café da manhã e o jantar, a presidente ficou sabendo que:
1) A Petrobras foi acionada judicialmente por investidores americanos que se consideram lesados pelas bandidagens envolvendo gestores da estatal.
2) A Polícia Federal constatou que a Camargo Corrêa, uma das empreiteiras associadas à usina de negociatas, pagou R$ 900 mil à consultoria de José Dirceu por serviços tão essenciais quanto o Ministério da Pesca. Um deles foi a confecção de “análises de aspectos sociológicos e políticos do Brasil” .
3. Relatórios apresentados por técnicos do Tribunal Superior Eleitoral recomendaram enfaticamente a rejeição das contas de campanha de Dilma Rousseff.
4. Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, vice-presidente do TSE e responsável pelo exame da contabilidade eleitoral de Dilma, confirmou que a contabilidade eleitoral de Dilma está comprometida por irregularidades de bom tamanho.
5. Um corte de R$ 32 bilhões nos investimentos programados pela Eletrobras elevou sensivelmente a tensão provocada por evidências de que a empresa logo estará dividindo com a Petrobras o noticiário político-policial.
Não é pouca coisa ─ e não foi tudo. Surpreendido por urgências desse calibre, um governante ajuizado cancelaria todos os compromissos do dia para concentrar-se nas complicações prioritárias. Como Dilma não rima com sensatez, sacou da bolsa o manual de instruções para momentos críticos organizado pelo neurônio solitário e fez o que determina o primeiro mandamento: fechou-se no gabinete, proibiu a entrada de problemas e seguiu o roteiro traçado pela agenda.
Uma das anotações previa a assinatura da Lei N° 13.050, reproduzida no alto da página. O artigo 1° explica a que veio: “Fica instituído o Dia Nacional do Macarrão, a ser celebrado em todo (sic) território nacional, anualmente, no dia 25 de outubro”. Foi assim que, neste 8 de dezembro de 2014, 193° da Independência e 126° da República, o Brasil descobriu o que faz a presidente quando precisa encarar uma salada de notícias intragáveis: pensa em macarronada.
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