domingo, 14 de dezembro de 2014

Reinaldo Azevedo
13/12/2014 às 5:55

Graça ataca autora das denúncias para continuar com o nariz fora d’água. Ou: Querem saber como seria o país comandado pelo PT e sem oposição? Olhem para a Petrobras!

Graça Foster, presidente da Petrobras, tenta se manter com a cabeça fora d’água. Se conseguir, pior para a estatal. As ações voltaram a despencar nesta sexta-feira. Sim, caiu o preço do barril do petróleo, como é sabido. É a razão da hora. A questão é saber onde estava a empresa brasileira quando veio esse fator conjuntural. Resposta: no fundo do poço. A agonia parece não ter fim, e Dilma, a nefelibata, finge que não é com ela. Só que é.

Nesta sexta, o comando da estatal resolveu agir como de costume. Diante das evidências — e evidências são — de que fora advertida das lambanças como diretora e como presidente da empresa, Graça mobilizou a sua turma para desqualificar a acusadora, Venina Velosa da Fonseca — que teria até ameaçado seus chefes porque perdeu um posto importante.

A questão aí não é “de quem”, mas “do quê”. Sim, é sempre bom saber o nome do autor de uma denúncia. A pessoa pode ter interesse objetivo quando faz uma acusação. Se uma grave ilegalidade está sendo apontada, no entanto, é ainda mais relevante saber se estamos diante de uma verdade ou de uma mentira.

Fato 1: a roubalheira na Petrobras aconteceu.

Fato 2: Venina advertiu Graça (pouco importam as suas intenções).

Fato 3: Graça não tomou nenhuma providência.

Nem ela nem o presidente que a antecedeu, José Sérgio Gabrielli, que vai se agigantando, a cada dia, como o chefe de uma casa de horrores. Que ironia! A Petrobras serviu de cavalo de batalha dos petistas nas eleições de 2002, 2006 e 2010. Lá vinha, invariavelmente, a mentira em tom de ameaça: “Os tucanos querem privatizar a Petrobras…”. Eis aí: essa Petrobras que temos é aquela privatizada pelo PT. O que lhes parece?

Se o preço do barril de petróleo cair mais um pouco — ou, vá lá, se vier a se estabilizar no atual patamar, a Petrobras estará ainda mais encalacrada do que hoje. Todo o chamado “Plano de Negócios” do pré-sal vai para a cucuia. Os males que o PT causou ao setor de energia no Brasil não serão corrigidos num tempo curto. O partido errou no diagnóstico, errou no prognóstico, errou na operação. E coroa a falta de competência com a evidência de que comandou, com certeza, a gestão mais corrupta da história da empresa. Procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato esperam ouvir Venina nos próximos dias.

Ainda não há uma data agendada para o depoimento.

Balanço
A situação é de tal sorte difícil para a empresa que ela teve de adiar de novo o balanço do terceiro trimestre. Estamos a 18 dias do fim do quatro trimestre. A PwC (PricewaterhouseCoopers), como se sabe, se negou a assinar os demonstrativos em razão das sem-vergonhices que vieram à luz. A empresa teria de dar baixa em seus ativos dos valores carreados para a corrupção. Mas quanto? Eis o busílis. A estatal anunciou que recorreria a outros auditores. Mas, pelo visto, a coisa não anda fácil. O novo prazo agora é 31 de janeiro.

Cabeça erguida?
Lula pede que seus “companheiros” ergam a cabeça e estufem o peito de orgulho. Mas a Petrobras não deixa. A rigor, a empresa é a síntese e o sumo da forma como esses patriotas governaram o Brasil.

Encerro com uma provocação àquela banda — ou àquele bando — do jornalismo que deu agora para demonizar políticos e eleitores de oposição. Na maior estatal brasileira, o PT foi senhor absoluto por 12 anos. O resultado é o que se vê.

Ou por outra: se vocês querem saber como é um governo petista sem resistência, olhem para a Petrobras. É o que os companheiros gostariam de fazer com o Brasil.


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