sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Gestão colaborativa entra em debate no PGQP

Case da Natura foi destaque durante primeiro dia do Congresso Internacional do Programa de Qualidade e Produtividade

Adriana Lampert - MARCELO G. RIBEIRO/JC

Daniel Levy detalhou modelo empresarial que explora a colaboração com sistema montado em rede

Em um mundo de mudanças contínuas na forma de viver, de trabalhar e de consumir, as empresas têm se deparado com novos problemas, cuja complexidade exige a escolha de caminhos que muitas vezes apontam para a superação de sistemas mecanicistas.

Com este pensamento, os executivos da Natura vêm reformulando a gestão da organização há três anos, inspirados no próprio modelo de negócios, que nasceu colaborativo (em 1969) - contando com vendedores que trabalham em rede, cooperando entre si e com os clientes. “Passamos a implementar esta linha de pensamento na gestão da organização, para que a mesma se tornasse mais colaborativa. Este é um caminho que vai de encontro às mudanças dos dias atuais e também da economia”, explicou o diretor comercial da Região Sul da Natura, Daniel Levy, durante palestra de abertura do 15º Congresso Internacional da Gestão, promovido pelo Programa Gaúcho de Qualidade (PGQP), que encerra hoje à noite na Fiergs.

O modelo de negócio da Natura, que atualmente explora a gestão colaborativa com um sistema montado em rede, utilizando a cooperação de profissionais com propósitos alinhados ao da empresa ainda é um dos poucos existentes no País, destaca o coordenador executivo do PGQP, Luiz Pierry, ao afirmar que no atual cenário do mundo coorporativo brasileiro já é notório que o papel do líder mudou, assim como o efeito das redes sociais e de novos conceitos que exigem que as organizações inovem cada vez mais.

“Se a sociedade está cobrando algo diferente, não adianta para as empresas ficar fazendo do mesmo jeito, pois terão os mesmos resultados”, opina Pierry. O coordenador do PGQP afirma que é preciso coragem para apostar nos riscos que as mudanças oferecem e pondera que buscar soluções distintas não significa abandonar ferramentas e técnicas de qualidade.

“Para se obter melhores resultados, é preciso ter ciência de que a gestão tradicional até é útil, mas precisa ser complementada com a colaboração, para que uma empresa consiga refletir e evoluir nos seus sistemas”, destacou o diretor da Natura à plateia do evento. “É mais notório o quanto a gente consegue mobilizar as pessoas e ter uma prontidão maior para qualquer assunto. Tudo melhora: desde o clima organizacional até os resultados de receita”, incentivou Levy, ao abordar o case da empresa de cosméticos. O executivo definiu gestão colaborativa como aquela que empodera uma rede de colaboradores, onde as decisões ocorrem principalmente por consenso.

“Ser colaborativo é conseguir fazer uma rede trabalhar em prol de um propósito em comum, onde cada um cumpre o seu propósito, e a organização ganha com isso, cumprindo também o que se propõe. Embora dentro da Natura esta jornada esteja engatinhando, já temos traços de que isso dá resultados”, dicursou Levy, explicando que, neste caso, o poder, o conhecimento e a gestão, estão nas mãos da rede de colaboradores. O executivo garantiu, inclusive, que  um  dos pilares que têm mantido a empresa saudável e com resultados bastante expressivos (faturamento de R$ 7 bilhões em 2013) é, sem dúvida, a aposta na gestão colaborativa. “As lideranças também começam a se transformar em mais colaborativas: não são comando e controle, mas trabalham de forma mais participativa, começam a praticar a escuta, refletir sobre a situação e evoluir os seus sistemas.”

Aposta em tecnologia influencia resultados das empresas

Frisando que a sociedade precisa se reformular para dar saltos de qualidade e de produtividade quando está sob pressão de mudanças estruturais, o presidente da Stefanini IT Solutions, Marco Antônio Stefanini, falou sobre a influência da tecnologia nas mudanças atuais do mundo e, consequentemente, nos resultados das corporações, durante a manhã, no primeiro dia do Congresso Internacional da Gestão, que, entre esta quinta e sexta-feira, deve contar com a participação de 7 mil pessoas, incluindo os convidados a comemorar os reconhecimentos pelos prêmios de Qualidade RS e de Inovação.

“A tecnologia hoje permeia qualquer segmento econômico, desde uma mineração, siderurgia, bancos, serviços públicos, telecomunicações e todas as áreas, e com ela se pode dar um grande salto e mudar a forma como as pessoas interagem, do ponto de vista social, mas também de como elas compram, do ponto de vista de varejo e de produtos, por exemplo.” O executivo destacou que há uma revolução na forma de fazer negócios em todo o mundo, que vem impactando em uma redução de custos “brutal”.

Na apresentação do presidente da Stefanini, a plateia conheceu soluções, como a digitalização de documentos, que pode resolver problemas de grandes arquivos de papéis, além de agilizar o trabalho em organizações públicas. Outra ferramenta é capaz de digitalizar textos a partir do comando de uma voz.  “Não tem como passar por competitividade e qualidade sem um investimento maciço em tecnologia. E as empresas que esquecerem desta parte ficarão para trás, irremediavelmente”, disse o palestrante.

Cidadão gaúcho pode ajudar a vigiar investimentos do Estado

As reivindicações e protestos sociais que ocorreram em junho do ano passado levaram as organizações públicas a repensarem seu papel e colocar em pauta sua forma de atuação, lembrou o diretor-geral do Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul (TCE), Valtuir Pereira Nunes, em sua palestra sobre controle social na gestão pública. “Muito antes disso, vínhamos procurando disseminar a informação para o cidadão, porque é ele que financia o Estado”, disse o palestrante, enquanto apresentava o portal do TCE na internet.


Na página da web, é possível encontrar informações de todas as despesas dos municípios gaúchos dos últimos 15 anos. “Tendo a informação, ele pode colaborar para que possamos corrigir e melhorar o investimento em estradas, transporte público, merenda escolar, entre outras coisas”, defendeu Nunes. Desde 2010, o portal já teve mais de 3,7 milhões de acessos e o volume de denúncias que chegou à ouvidoria do TCE cresceu de 270 em 2010 para 10 mil neste ano. “Somos apenas 900 auditores para um universo de 1,2 mil órgãos, e queremos a parceria do cidadão para bem controlar o Estado”, disse o gestor.

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