Gestão colaborativa entra em debate no
PGQP
Case
da Natura foi destaque durante primeiro dia do Congresso Internacional do
Programa de Qualidade e Produtividade
Adriana
Lampert - MARCELO G. RIBEIRO/JC
Daniel
Levy detalhou modelo empresarial que explora a colaboração com sistema montado
em rede
Em um mundo de mudanças contínuas na forma de viver,
de trabalhar e de consumir, as empresas têm se deparado com novos problemas,
cuja complexidade exige a escolha de caminhos que muitas vezes apontam para a
superação de sistemas mecanicistas.
Com
este pensamento, os executivos da Natura vêm reformulando a gestão da
organização há três anos, inspirados no próprio modelo de negócios, que nasceu
colaborativo (em 1969) - contando com vendedores que trabalham em rede,
cooperando entre si e com os clientes. “Passamos a implementar esta linha de
pensamento na gestão da organização, para que a mesma se tornasse mais
colaborativa. Este é um caminho que vai de encontro às mudanças dos dias atuais
e também da economia”, explicou o diretor comercial da Região Sul da Natura,
Daniel Levy, durante palestra de abertura do 15º Congresso Internacional da
Gestão, promovido pelo Programa Gaúcho de Qualidade (PGQP), que encerra hoje à
noite na Fiergs.
O
modelo de negócio da Natura, que atualmente explora a gestão colaborativa com
um sistema montado em rede, utilizando a cooperação de profissionais com
propósitos alinhados ao da empresa ainda é um dos poucos existentes no País,
destaca o coordenador executivo do PGQP, Luiz Pierry, ao afirmar que no atual
cenário do mundo coorporativo brasileiro já é notório que o papel do líder
mudou, assim como o efeito das redes sociais e de novos conceitos que exigem
que as organizações inovem cada vez mais.
“Se
a sociedade está cobrando algo diferente, não adianta para as empresas ficar
fazendo do mesmo jeito, pois terão os mesmos resultados”, opina Pierry. O
coordenador do PGQP afirma que é preciso coragem para apostar nos riscos que as
mudanças oferecem e pondera que buscar soluções distintas não significa
abandonar ferramentas e técnicas de qualidade.
“Para
se obter melhores resultados, é preciso ter ciência de que a gestão tradicional
até é útil, mas precisa ser complementada com a colaboração, para que uma
empresa consiga refletir e evoluir nos seus sistemas”, destacou o diretor da
Natura à plateia do evento. “É mais notório o quanto a gente consegue mobilizar
as pessoas e ter uma prontidão maior para qualquer assunto. Tudo melhora: desde
o clima organizacional até os resultados de receita”, incentivou Levy, ao
abordar o case da empresa de cosméticos. O executivo definiu gestão
colaborativa como aquela que empodera uma rede de colaboradores, onde as
decisões ocorrem principalmente por consenso.
“Ser
colaborativo é conseguir fazer uma rede trabalhar em prol de um propósito em
comum, onde cada um cumpre o seu propósito, e a organização ganha com isso,
cumprindo também o que se propõe. Embora dentro da Natura esta jornada esteja
engatinhando, já temos traços de que isso dá resultados”, dicursou Levy,
explicando que, neste caso, o poder, o conhecimento e a gestão, estão nas mãos
da rede de colaboradores. O executivo garantiu, inclusive, que um dos
pilares que têm mantido a empresa saudável e com resultados bastante expressivos
(faturamento de R$ 7 bilhões em 2013) é, sem dúvida, a aposta na gestão
colaborativa. “As lideranças também começam a se transformar em mais
colaborativas: não são comando e controle, mas trabalham de forma mais
participativa, começam a praticar a escuta, refletir sobre a situação e evoluir
os seus sistemas.”
Aposta
em tecnologia influencia resultados das empresas
Frisando
que a sociedade precisa se reformular para dar saltos de qualidade e de
produtividade quando está sob pressão de mudanças estruturais, o presidente da
Stefanini IT Solutions, Marco Antônio Stefanini, falou sobre a influência da
tecnologia nas mudanças atuais do mundo e, consequentemente, nos resultados das
corporações, durante a manhã, no primeiro dia do Congresso Internacional da Gestão,
que, entre esta quinta e sexta-feira, deve contar com a participação de 7 mil
pessoas, incluindo os convidados a comemorar os reconhecimentos pelos prêmios
de Qualidade RS e de Inovação.
“A
tecnologia hoje permeia qualquer segmento econômico, desde uma mineração,
siderurgia, bancos, serviços públicos, telecomunicações e todas as áreas, e com
ela se pode dar um grande salto e mudar a forma como as pessoas interagem, do
ponto de vista social, mas também de como elas compram, do ponto de vista de varejo
e de produtos, por exemplo.” O executivo destacou que há uma revolução na forma
de fazer negócios em todo o mundo, que vem impactando em uma redução de custos
“brutal”.
Na
apresentação do presidente da Stefanini, a plateia conheceu soluções, como a digitalização
de documentos, que pode resolver problemas de grandes arquivos de papéis, além
de agilizar o trabalho em organizações públicas. Outra ferramenta é capaz de
digitalizar textos a partir do comando de uma voz. “Não tem como passar por competitividade e
qualidade sem um investimento maciço em tecnologia. E as empresas que
esquecerem desta parte ficarão para trás, irremediavelmente”, disse o
palestrante.
Cidadão
gaúcho pode ajudar a vigiar investimentos do Estado
As
reivindicações e protestos sociais que ocorreram em junho do ano passado
levaram as organizações públicas a repensarem seu papel e colocar em pauta sua
forma de atuação, lembrou o diretor-geral do Tribunal de Contas do Rio Grande
do Sul (TCE), Valtuir Pereira Nunes, em sua palestra sobre controle social na
gestão pública. “Muito antes disso, vínhamos procurando disseminar a informação
para o cidadão, porque é ele que financia o Estado”, disse o palestrante,
enquanto apresentava o portal do TCE na internet.
Na
página da web, é possível encontrar informações de todas as despesas dos
municípios gaúchos dos últimos 15 anos. “Tendo a informação, ele pode colaborar
para que possamos corrigir e melhorar o investimento em estradas, transporte
público, merenda escolar, entre outras coisas”, defendeu Nunes. Desde 2010, o
portal já teve mais de 3,7 milhões de acessos e o volume de denúncias que
chegou à ouvidoria do TCE cresceu de 270 em 2010 para 10 mil neste ano. “Somos
apenas 900 auditores para um universo de 1,2 mil órgãos, e queremos a parceria
do cidadão para bem controlar o Estado”, disse o gestor.
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