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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
08 de fevereiro de 2011 | N° 16605
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA
A era da inocência
Falei esses dias dos trens de passageiros que ligavam Porto Alegre a Cachoeira e das belas lembranças românticas que me despertavam. Hoje, quero tratar dos bondes que escalavam bem aqui diante do edifício onde moro. Nunca pensávamos na época que era um meio de transporte em extinção.
Bem ao contrário, toda a Porto Alegre era cortada pelos veículos amarelos, movidos a eletricidade, que faziam mais ou menos os mesmos trajetos que hoje cumprem nossos poluentes ônibus, que se adonaram de suas rotas.
Mas o que os ônibus de agora jamais terão é o charme daqueles vagões, que podiam ser vistos aqui e nas principais cidades do mundo. Os Estados Unidos – salvo San Francisco – estão órfãos há décadas de seus primos da Carris. Mas a Europa, com sua sabedoria milenar, aprendeu a conservá-los.
Dirigi um bonde em Bremen, trafeguei em outro em Frankfurt, peguei vários em cidades da França. Não eram iguais aos nossos. Eram tranquilos, silenciosos, civilizados. Muitos tinham vários vagões, olimpicamente conjugados.
Não sei por que não temos algo semelhante em nossa Porto Alegre. Ao invés de corredores monótonos, teríamos um ar de cultura urbana. Ao invés de ruas e avenidas contaminadas pela fumaça de milhares de ônibus, teríamos um ar mais liberto de poluição. Ao invés do desafio do concreto, teríamos a ordenada geografia dos trilhos.
O bonde que passava aqui onde moro era o Duque. Tão familiar se tornou para todos nós, que os passageiros, os fiscais, os cobradores se conheciam e se cumprimentavam.
O nosso bonde era como uma grande família e percorria não só a rua de que tomava o nome, mas a Marechal Floriano – a parada da Casa Masson era famosa –, a Praça XV, a Sete de Setembro, a Rua da Praia, a Vasco Alves, com seu gingado sereno e apaziguador.
Mas havia dezenas de outras linhas, como o Gasômetro, o Petrópolis, o Independência, o Partenon, mais um punhado de outras que cruzavam o mapa da cidade. Muitos namoros começavam entre uma estação e outra e não poucos culminavam em troca de alianças.
Guardo uma nostalgia profunda dos bondes de minha cidade. Eles são como um símbolo da era da inocência, que terminou para não voltar nunca mais.
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