sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011


Jaime Cimenti

Essa tal felicidade

Vinicius de Moraes dizia: tristeza não tem fim, felicidade sim. Kleiton e Kledir cantavam que ser feliz é tudo que se quer, apesar do maldito fecho éclair. Tim Maia queria encontrar a tal felicidade de qualquer maneira e Lupicínio lamentava a partida da felicidade.

Quanto fez 70 anos, perguntado se era feliz, Drummond de Andrade apenas disse: estou vivo. A felicidade representa um dos maiores anseios do ser humano em todos os tempos.

Em A história da felicidade – Uma palavra singular com sentido plural, a jornalista e escritora egípcia Marleine Cohen, radicada no Brasil desde os anos 1980, mostra como as pessoas encararam o tema desde a Grécia até nossos tempos. Os gregos atrelavam a felicidade à virtude. Os orientais a associam à paz interior. Os medievais a cultuavam no exercício da fé.

Os iluministas a relacionavam ao poder da razão. Os utilitaristas a equiparavam à qualidade de vida. Os psicólogos modernos a situam nas emoções positivas. As economias de mercado a vinculam ao consumo e os cientistas atuais a inserem na evolução da espécie.

Claro que existem uns seis bilhões e meio de fórmulas de felicidade no mundo, número equivalente aos habitantes do planeta e Marleine, sem a chatice dos livros de autoajuda, nos inspira a buscar nosso conceito e nossa forma de ser feliz.

Marleine, após estudar a felicidade no curso da história da humanidade, nos mostra que os febris e muitas vezes sensacionalistas meios de comunicação não ensinam nada sobre felicidade e que a história e a ciência, sim. Marleine convida os leitores a desligarem a TV e a recusar os jornais.

Convida a passar um apagador sobre o status dos sonhos, com aquela inebriante alegria de viver, carrões maravilhosos, viagens a locais paradisíacos, restaurantes nababescos, saúde sempre, controle do tempo e espaço e companhias esculturais.

Menos, diz a autora, que nos convida a corrermos para dentro de nós mesmos e a construirmos e buscarmos a felicidade como é possível, do jeito que dá no momento e colocando um tijolinho por vez na construção permanente, sem se importar se de vez em quando uma parede cai.

Com diagramação divertida, frases instigantes de autores célebres e ilustrações inspiradoras, o livro de Marleine é um convite para ser feliz.

Aproveite. Sem alarde, confirme sua presença. Editora Saraiva, 184 páginas, www.editorasaraiva.com.br.

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