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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
24 de fevereiro de 2011 | N° 16621
CLAUDIA TAJES
Pai com filha
Não faz muito, pai que não tivesse um filho varão era o sujeito mais infeliz do mundo. Nobres e pobres, quantos não mandaram a patroa passear ou arrumaram guris fora do casamento para garantir aquele que perpetuaria o nome da família?
Culpar a mulher por não gerar um menino era a prática desses tempos em que a ignorância superava de longe a genética. Não que ainda hoje, depois de inúmeras edições do Globo Repórter explicando que o pai é quem determina o sexo da criança, falte alguém para insistir na bobagem.
Na contramão da época, meu próprio pai sempre se imaginou com três filhas, as Três Marias. Pediu, levou. Em mais uma e inesperada gravidez da dona Tajes, estava tão convicto de que viria outra guria que o meu irmão Eduardo quase se chamou Maria Cândida, mesmo nascendo homem. Para constar, o Eduardo não se abalou com a confusão inicial, e nunca quis ser a Quarta Maria.
Mas a coisa está diferente. Não são poucos os pais de primeira viagem torcendo para que a ecografia mostre uma menina. E, quando mostra, a piadinha tosca, “fulano vai passar de consumidor a fornecedor”, quase não é mais ouvida. Não que os pais de antes não morressem de amor pelas suas filhas, a impressão é que os pais de agora perderam a vergonha de demonstrar. E já não deixam toda a responsabilidade de cuidar das meninas para a mãe.
Virou cena comum ver pai e filha juntos nos cinemas, nos estádios, nos restaurantes, na praia. E pai com filha forma sempre uma dupla encantadora. Ou trio, ou quarteto, ou quinteto, sejam elas quantas forem. Pai hoje sabe pentear cabelo, combinar saia com blusa, pintar unha, escolher biquíni. Não perde mais o humor em loja de departamentos, quem diria.
Transmite o gosto pelo futebol e pelo seu time à guria, acabando com um antigo privilégio dos meninos. Pai hoje sabe que tic-tac não é apenas o barulho do relógio, que devem haver mais ou menos 1.579 variações de cor-de-rosa no mercado e que banho rápido, tal qual o genro perfeito, não existe.
Acompanhando a filha assim de perto, dá para apostar que o pai, de brinde, vai terminar por entender melhor as outras mulheres também. Sorte delas.
E dele, então, nem se fala.
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