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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
10 de fevereiro de 2011 | N° 16607
SANT’ANA
Meus anjos de amparo
Não há, sem dúvida, uma categoria profissional que mais me preste ajuda nos últimos anos do que a classe médica.
Acredito, até com certeza, que preste essa ajuda a milhares de clientes; quero dizer, pacientes.
É de se ver com que reverência eu escuto os médicos e acato os seus conselhos, observações e diagnósticos. É tal essa submissão verdadeiramente cultural que sofro dos médicos, que, se eles me mandarem para o inferno, eu sigo imediatamente para lá.
Eu já sou uma pessoa familiar nas clínicas existentes dentro dos hospitais de Porto Alegre.
Conheço sala por sala do Mãe de Deus, do Moinhos de Vento e do São Lucas.
Quando eu chego aos setores específicos, bandos de médicos e enfermeiras se aprestam em atender-me, como se eu fosse um butim. Eles sabem que no meu corpo há lugar para trabalho de todas as especializações médicas.
Eu chego a ter a impressão de que fico mais tempo dentro das clínicas hospitalares, durante o dia, do que na minha casa. Mas, afinal, o que vou fazer na minha casa, se lá não existe sequer um médico?
Ontem, por exemplo, toda a minha manhã foi ocupada, em procedimento de urgência, pelo atendimento que me prestou o ortopedista Marcos Fridman, na sala de gesso do Hospital da PUC. Um atendimento sacerdotal.
Aplicou-me uma infiltração de corticoide misturado a anestésico em torno do osso epicôndilo (cotovelo). Depois de 14 minutos de injeção, mandou-me para casa para tratar o local com gelo e aconselhou-me um analgésico em caso de quase certa dor superveniente.
Uma tendinite extensa e dolorida domina meu braço esquerdo.
Ir para casa, qual o quê! Aproveitei que já estava ali naquele éden médico e me dirigi valentemente para o setor de Ambulatório da Otorrino. O que me faz destemido quando entro em escaninhos de clínicas hospitalares é meu cartão da Golden Cross. Com ele, eu seria capaz de passar incólume num corredor polonês de tropas persas de um lado e de tropas gregas do outro.
Daí que fui ver afinal o que tinha na minha epiglote, se um trauma por entubação ou se simplesmente um refluxo.
Fui atendido por uma otorrino que eu classificaria de médica dos deuses do Olimpo, doutora Denise Rotta Ruttkay Pereira, que tem mais habilidades no trato da garganta do que sobrenomes no seu nome.
Ela ainda se deixou acompanhar de um colega, o doutor Eduardo Müller Añez, que me traçou um tal perfil de hipóteses verossímeis sobre meu diagnóstico, que fiquei embasbacado com sua argúcia.
E assim vou eu, correndo de um médico para uma médica, depois para uma fisioterapeuta, acolá uma fonoaudióloga, todas as especialidades me prestam amparo, ainda bem que não recorri e hei de nunca recorrer para sortilégios e outras feitiçarias.
Eu confio solenemente na ciência médica para me curar e me aliviar de meus males.
E entrego a estes profissionais do esmero a sorte do meu destino.
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