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sábado, 26 de fevereiro de 2011
27 de fevereiro de 2011 | N° 16624
PAULO SANT’ANA
Laringoscópio
Não sei se os leitores já repararam, mas 70% das minhas colunas são fruto das minhas experiências pessoais.
Ao contar o que se passa comigo, devo ser, além de intimista, uma pessoa que entrega parte da sua privacidade aos leitores.
Não sei como escrever diferente. Escrevo sempre o que sinto, o que está dentro de mim.
Sendo assim, como uns 12 médicos têm me atendido ultimamente, esta semana foi a vez do otorrino Dr. Geraldo Sant’Anna, conhecidíssimo na praça por sua competência.
Fui lá ver minha garganta, que incrivelmente dói há 96 dias, esta maldita dor resiste a toda carga de antibióticos e anti-inflamatórios.
Dr. Geraldo enfiou-me pela boca um longo cano que se chama laringoscópio.
Segurou minha língua para que ela não atrapalhasse sua visão e fez-me alvo de sua penetração.
Viu alguma coisa lá, tipo uma lesão na epiglote, vermelha no vídeo.
Não contente, disse-me que precisava ver mais, mas tinha que ser desta vez através do nariz.
Eu já não tinha permitido que outros médicos me fizessem o exame de minha laringe pelo nariz, incômodo eu sabia que era, excruciante eu desconfiava.
Mas, como essa dor insiste em me causar receio e preocupação, cedi.
Ele me enfiou pela narina direita uma mecha de algodão embebida num anestésico.
Deixou esperar por três minutos para que agisse o anestésico e a seguir partiu para a materialização do meu terror: enfiou-me pela narina, lentamente, sem nenhuma dor, um cabo observatório que foi parar na laringe.
Estavam no vídeo à disposição da visão dele e da minha, em colorido, até as cordas vocais.
O médico usou aquilo que eu chamaria de naringoscópio para olhar atrás das cartilagens da epiglote.
E nada viu por lá que se destacasse.
A hipótese médica mais atraente é de que eu esteja sendo alvo de refluxo esofágico, ou seja, que um mal estomacal esteja se refletindo em ação sobre a minha laringe, causando-me dor e/ou desconforto.
Estou tomando remédio para tentar debelar o mal.
E lá vou eu. Os males surgem e eu, com a ajuda dos médicos, os vou atacando.
A minha saúde tem sido nos últimos anos vulnerável e resistente.
São muitas doenças. A principal é o diabetes, a seguinte em gravidade é a tontura permanente. Pela ordem de vez, a surdez total de um ouvido e parcial e ascendente de outro, além de outras mazelas.
Inúmeros hospitais e clínicas médicas me atendem com assiduidade e competência.
E minhas esperanças são as últimas que morrem.
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