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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
11 de fevereiro de 2011 | N° 16608
PAULO SANT’ANA
Loucos de toda ordem
Ah, estes comunicadores! O Lasier Martins completou agora em fevereiro 51 anos de jornalismo.
O Lauro Quadros e o Ruy Ostermann devem andar beirando este tempo profissional.
Só de RBS, o Lasier Martins já tem 25 anos de atuação e será jubilado este ano em cerimônia em que eu me jubilarei por 40 anos, o mesmo número coincidentemente do presidente Nelson Sirotsky, que assim entrou para a nossa empresa ainda adolescente.
Pois o Lasier Martins entra no ar na Rádio Gaúcha às 14h, horário em que ontem vinha chegando ao prédio da emissora junto com o colega Nilson Souza. Os dois vieram ouvindo o Sala de Redação nos seus carros e ambos me encontraram na saída do estúdio e me disseram em uníssono: “Hoje, Sant’Ana, tu fizeste um Sala de Redação inesquecível. Estavas num dos teus dias”.
Elogio, partindo de quem partiu, parte o coração.
Um escritor certa vez escreveu: “O hospício é o quartel-general dos loucos”.
Tenho certeza de que o escritor quis dizer que o hospício é o quartel-general dos loucos e as outras unidades andam espalhadas pela cidade e pelo mundo.
É impressionante o número de loucos que encontramos nos shoppings, nos cinemas, nas ruas, no lazer e no nosso trabalho.
E são pessoas incrivelmente normais, fazem parte do cotidiano, alimentam-se, divertem-se, trabalham, constituem família, se destacam no meio social. Mas são loucos, como se ousa dizer das pessoas que cometem estripulias e atos absurdos em geral, que, no entanto, embora abismem os seus circunstantes, não violam as leis.
Não sei se podem ser chamados de loucos de toda ordem, expressão que pode estar inserida em algum código e que definiria as várias categorias de loucuras a que o meio social estaria sujeito.
Eu gosto muito de um verso de um tango do Piazzolla que diz: “Foram os loucos que inventaram o amor”.
E gosto mais ainda de uma definição do grande pensador Chesterton, que afirma: “Louco é aquele de quem tiraram tudo, menos a razão”.
Mas, comumente, quando dizemos que alguém é louco, tentamos definir como tal toda aquela pessoa que nos surpreende molestando ou violentando o senso comum.
Eu devo confessar que algumas das pessoas mais atraentes que conheci em minha vida eram classificadas frivolamente de loucas pelos que tinham relações com elas.
Tanto que dizem que o amor é uma loucura, que o ciúme, derivado do amor, leva à loucura, e pode ser designado por loucura querer entender o que leva as pessoas a se amarem ou a nutrirem ciúme.
Mas já vi mil vezes pessoas, quando são contrariadas por alguém, embora não estejam certas, acusarem: “Você está louco”.
É uma forma também, por isso, de tentar desclassificar quem não concorda conosco, chamando-o de louco.
E também foi muito frequente em minhas relações que se chamassem de loucos alguns dos raros gênios que conheci.
E também nunca vi nenhum burro ser chamado de louco.
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