segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011



21 de fevereiro de 2011 | N° 16618
PAULO SANT’ANA


Dependência celular

É impressionante a dependência das pessoas a seus celulares.

Eu tenho visto em hospitais, agências de bancos, empresas comerciais e outros tantos serviços, avisos que pedem que as pessoas não usem seus celulares nesses ambientes.


É incrível, mas esses dias eu soube de um caso de um cirurgião que, em meio à operação que estava realizando, afastou-se por alguns minutos da mesa cirúrgica para atender a um chamado em seu celular.

Há pessoas que deixam tudo o que estão fazendo, por mais importante que seja, para atender ao celular.

Quantas vezes estou no bar, no restaurante, em qualquer reunião, quando abruptamente um dos circunstantes se alheia completamente do que se estava tratando para atender a seu celular.

E agora, como o celular tem inúmeras funções que não sejam atender ou fazer ligações, fica maior ainda a dependência das pessoas sob esse aparelhinho sublime e sinistro.

Assim como o celular une quem está recebendo ou expedindo ligações com as duas pontas da comunicação, por outro lado as desune com os que estão à sua volta.

Ouvi esses dias uma notícia estarrecedora: num país europeu (uma pena que me esqueci o nome), 12% das pessoas que são atropeladas estavam usando seu celular.

Ou seja, a pessoa morre atropelada numa rua ou numa estrada porque não se desgruda do seu celular.

O celular é uma obsessão, uma mania, um tóxico, uma droga da qual as pessoas não conseguem se livrar e se escravizam a ele com cognitiva obsessão.

Tenho dois amigos que empunham ou portam permanentemente dois ou três celulares. Creio que fazem isso porque é tão grande a demanda de ligações que recebem, que não querem perder uma ligação nem quando estão atendendo a outra.

Outro dia, vi uma cena curiosíssima: o casal dançava alegremente na pista de um bar noturno, quando paralisou de repente. O homem largou seu par no meio da pista e foi atender ao seu celular. E a mulher, abandonada na pista, aproveitou o hiato para ela também fazer uma ligação no seu celular.

Impressionante.

Não é possível recusar que o celular é uma das mais revolucionárias invenções da tecnologia moderna.

Outro dia, vi uma estatística de que havia já no Brasil, funcionando, mais celulares do que o número de habitantes do nosso país.

Ele se torna inseparável das pessoas: certo dia, numa roda de amigos, um deles nos disse que interrompe o intercurso sexual com sua parceira para atender ao celular.

Ou seja, a parceira, no auge do prazer, prontinha para o orgasmo, deve pensar assim: “Tomara que não toque o maldito celular”.

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