domingo, 13 de fevereiro de 2011


CARLOS HEITOR CONY

Olha quem vem lá

RIO DE JANEIRO - Pouco a pouco, mas com persistência crescente, fala-se na volta da inflação. Os entendidos, a começar pelo pessoal do governo, garantem a existência de antídotos, a partir da grande lição que tivemos recentemente, quando o aumento dos preços e a desvalorização da moeda tornaram-se incontroláveis.

Vivemos alguns anos sem o fantasma que corroía as forças da nação e dos indivíduos. De prioridade máxima, a inflação foi substituída por novos desafios igualmente trágicos, como a segurança, a educação, a saúde, problemas de infraestrutura que estamos longe de resolver, como a situação dos portos, aeroportos, estradas de ferro e de rodagem.

Basta lembrar que os produtores de soja reclamam que poderiam estar gerando o dobro de divisas, mas, com escoamento precário, são obrigados a permanecer nos limites acanhados de nossas possibilidades no setor do transporte.

Não se falava na volta da inflação há pelos menos uns dez anos. Embora negada pelos técnicos e responsáveis, a verdade é que ela começa a preocupar não apenas o universo econômico e financeiro, mas todo o sistema de produção e consumo, incluindo a dona de casa, que a cada semana se espanta com o aumento no preço dos alimentos de primeira necessidade.

O recurso do novo governo parece sinalizar um aumento nos juros e uma diminuição do crédito na tentativa de frear a demanda e controlar o binômio inarredável da oferta e da procura.

Evidente que a ameaça de uma inflação cria um fator que não pode ser desprezado. O desafio do governo é investir fortemente nos setores anunciados pela presidente. Para isso, é preciso muito dinheiro. Mas o que foi anunciado até agora foi um corte fantasmagórico no Orçamento. Mesmo sem inflação declarada, o cenário ficou meio complicado.

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