quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011


Editorial - ZH

10 de fevereiro de 2011
N° 16607 - EDITORIAIS


Onde estão as barreiras?

O poder civilizador da Lei Seca, posto à prova no Rio, ainda é uma miragem para os gaúchos, apesar de todo o alarde criado em junho de 2008, quando as normas entraram em vigor em todo o país. Os dados divulgados pelas autoridades de segurança fluminenses são constrangedores para o Rio Grande do Sul.

Por que aquele Estado, sob o estigma de uma violência que parecia incontrolável, conseguiu reduzir índices de acidentes de trânsito, de furtos e roubos de carros e de outros delitos graças à aplicação rigorosa da lei, combinada com outras ações, e o Rio Grande do Sul pouco ou nada faz nesse sentido? Estatísticas recentes mostram como os fluminenses tornaram palpáveis os efeitos da lei, com repercussão na vida cotidiana e na economia.

O Rio certamente se livrou das desculpas que os gaúchos vêm ouvindo desde o momento em que, sem motivação aparente, a área de segurança deixou de executar o que a Lei Seca determina. Barreiras com a presença ostensiva de policiais são raridade, não só em Porto Alegre. Os argumentos são repetitivos: faltam bafômetros, há deficiência de quadros ou a Brigada Militar tem outras prioridades.

O certo é que o Estado perde, com mais de dois anos de omissão, a oportunidade de colher os resultados comemorados no Rio de Janeiro, onde o que não falta é vontade política de reverter a péssima imagem, em especial da capital, de que aquele era um território inseguro.

A Lei Seca, revelam as estatísticas, não só reduziu acidentes. Provocou queda de até 37% nos preços dos seguros dos veículos. Difundiu a cultura do bom senso no trânsito. Aumentou a percepção de segurança nas ruas. A lei foi implantada em combinação com outras ações, como o combate aos desmanches, que levou mais de 120 donos de falsas oficinas à prisão, e a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora. Celebridades flagradas dirigindo embriagadas, ou que se negam a se submeter ao bafômetro, têm os nomes divulgados.

Tudo isso porque há no Rio uma força-tarefa, organizada pelo governo, que integra todas as polícias, inclusive as municipais, ao esforço para que a Lei Seca seja levada a sério por todos. No Rio Grande do Sul, imprudentes e irresponsáveis continuam circulando como se a lei não existisse. Nossas autoridades poderiam, pelo menos, copiar – sem custos – o bom exemplo fluminense.

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