sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011


Jaime Cimenti

Três mulheres comuns dando um passo extraordinário

Há muito tempo não se via uma estreia literária em romance tão bem-sucedida quanto a da escritora norte-americana Kathryn Stockett com A Resposta, best-seller número 1 do New York Times, várias vezes premiado e aclamado pela crítica. Não foi por acaso.

Kathryn nasceu e cresceu em Jackson, Mississipi, e formou-se em língua inglesa e redação criativa pela Universidade do Alabama. Trabalhou durante nove anos em Nova Iorque na edição e marketing de revistas.

A narrativa bem construída de Kathryn passa-se justamente em Mississipi, no Sul rural dos Estados Unidos, na década de 1960. Três mulheres aparentemente comuns estão prontas para dar um passo extraordinário em suas vidas pacatas.

Skeeter, 22 anos, acabou de voltar para a casa dos pais, depois da graduação na Universidade de Ole Miss. Ela tem um diploma, mas a mãe quer vê-la casada. Constantine, a empregada da casa, que poderia dar-lhe consolo, sumiu.

Aibileen é uma empregada negra, mulher sábia e imponente que está criando a décima sétima criança branca. Depois de perder o filho de 24 anos, algo mudou. Minny, a melhor amiga de Abileen, é baixinha, gorda e a maior boca-suja do Mississipi.

Cozinha como ninguém, mas não tem o menor controle sobre sua língua e, assim, perde um emprego atrás do outro. A nova patroa de Minny veio de fora, tem seus próprios segredos e não conhecia a reputação da criada. Apesar de diferentes, as três mulheres vão unir forças num projeto clandestino que colocará todas em perigo. Por quê?

Porque estão sufocadas pelos limites e pelas regras que as norteiam e pela época em que vivem. E porque limites às vezes existem justamente para serem ultrapassados. Em vozes perfeitamente recriadas, Kathryn Stockett nos apresenta três mulheres determinadas e fora de série que dão início a um movimento que vai transformar a cidade e o modo com as mulheres de lá (empregadas, patroas, mães, filhas, amigas) veem umas às outras.

A linguagem é terna, tocante, cheia de humor e esperança. A história é atemporal e universal e revela os limites que respeitamos e aqueles que devem ser deixados para trás. Kathryn trabalhou durante anos no romance que, em pouco tempo, será filmado pela já lendária Dreamworks. Quem disse que mulheres comuns não podem tornar-se heroínas?

Bertrand Brasil, tradução de Caroline Chang, 574 páginas, mdireto@record.com.br.

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