sábado, 12 de fevereiro de 2011



12 de fevereiro de 2011 | N° 16609
ANTONIO AUGUSTO FAGUNDES


A Morte de Sepé

No último dia 7 de fevereiro, foi lembrada por tradicionalistas e autoridades a morte do índio José Tiaraju, o Sepé, alferes real e corregedor do povo de São Miguel, o mais florescente dos Sete Povos das Missões. Como alferes real ele era a mais alta autoridade militar do Povo. Como corregedor, era a mais alta autoridade judiciária.

Sepé, também conhecido como Capitão Sepé, falava guarani e espanhol e conhecia razoavelmente bem o latim. Era também, o mais competente chefe militar do exército missioneiro. Morreu no dia 7 de fevereiro de 1756, à margem esquerda do Arroio da Bica, hoje dentro do perímetro urbano de São Gabriel.

Consta que Sepé teria feito uma armadilha para as tropas luso-espanholas que avançavam para as Missões, colocando uma ponta de gado perto de um mato para atrair os carneadores que precisavam de carne para abastecer as tropas. Quando estes se aproximaram, Sepé saiu do mato com seus guerreiros e os atacou.

Mas os ibéricos, que já esperavam por isso mandaram os reforços prevenidos e Sepé foi contra-atacado, sendo lanceado nas costas por um dragão português. Derrubado do cavalo, Sepé tentava se reerguer, quando passou ao lado dele o governador de Montevidéu, D. José Joaquim Viana, que lhe deu um tiro fatal no rosto.

A cena é assim descrita pelo capitão português Jacinto Rodrigues da Cunha, autor do importantíssimo Diário da Expedição de Gomes Freire de Andrade às Missões do Uruguay, que estava presente: “Antes de acamparmos se adiantaram, como é costume, as guardas castelhanas de cavallaria avançadas, e nossas; e passando a outra parte do dito rio, subiram as lombas, e logo avistaram alguns Indios que se achavam em partes mais altas (...)

Logo o general castelhano mandou varias partidas de dragões seus a reforçar as ditas guardas, cujo também pediu socorro ao nosso, que instantaneamente lhe foram; e assim pôz da outra parte do rio, por cima de todas as lombas, mais de oitocentos dragões.

Sendo já seis horas e meia da mesma tarde, veio marchando do pé do matto um grande corpo de Indios, que foi visto dos mesmos dragões que se achavam nas lombas em distancia de meia légua.

Logo se uniram umas poucas das nossas partidas, assim Castelhanos como Portuguezes, e marcharam a buscar os ditos Indios, indo por comandante o governador de Montevidéo; e chegando a elles às oito horas da noite com excellente lua, deram sobre elles com tanto valor, que logo à segunda descarga fugiu toda aquella grande quantidade de Indios, ficando-lhes mortos sete, e o seu grande capitão Sapé, o maior general que elles tinham, o qual o matou o dito governador”.

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