quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011



24 de fevereiro de 2011 | N° 16621
EDITORIAIS


Descomplique-se e publique-se

É sensata a decisão do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) de rever as exigências anunciadas recentemente para o transporte de pacientes do interior do Estado à Capital e às cidades que possuem hospitais de referência.

A ambulancioterapia já é uma deformação da relação do poder público com os cidadãos. O certo seria proporcionar aos doentes o atendimento adequado nos seus domicílios. Pois o Daer, com a resolução que exige das prefeituras o envio da lista de pacientes e acompanhantes com 12 horas de antecedência, conseguiu tornar ainda mais doloroso o calvário de doentes já submetidos a longas viagens e demoradas esperas.

A intenção é boa, disciplinar o transporte diário de pacientes e evitar que essas viagens subsidiadas pelas prefeituras, que contam inclusive com isenções de taxas, sejam utilizadas para finalidades turísticas. Mas não se pode jogar fora a água da bacia com a criança dentro. Cabe ao Daer fiscalizar rigorosamente a circulação de ambulâncias e veículos oficiais pelas estradas gaúchas, sempre com o objetivo de facilitar o acesso dos doentes ao tratamento, e não de dificultá-lo.

De outra parte, também é impositivo que as autoridades municipais sejam seletivas no envio de doentes para os grandes hospitais, tanto para evitar riscos desnecessários no transporte quanto para aliviar a sobrecarga das casas de saúde.

O mesmo processo de triagem que está sendo feito nas emergências dos hospitais deveria ser adotado pelos pequenos municípios na hora do embarque. Claro que esta seleção tem que contar com a chancela de profissionais especializados, para que recebam prioridade os casos que realmente necessitam de recursos mais sofisticados.

O essencial é que todas as partes envolvidas no processo – e não apenas o Daer – revisem suas posições com o propósito de descomplicar a vida de pessoas já suficientemente castigadas pelas doenças.

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