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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
22 de fevereiro de 2011 | N° 16619
CLÁUDIO MORENO
Homens e mulheres (6)
13 – O grego dava tanta importância aos jogos olímpicos que não admitia que deles participassem escravos ou estrangeiros. As restrições eram ainda piores para as mulheres, pois aquela que fosse encontrada nos arredores de Olímpia ou no recinto dos jogos seria punida com a morte.
Pausânias, que visitou toda a Grécia, esteve no monte Tipeu, em cujos rochedos, segundo uma lei muito antiga, deveria ser arrojada qualquer infeliz que ousasse ultrapassar esses limites. Um dia, porém, como era inevitável, uma mulher – mais precisamente uma mãe – resolveu enfrentar essa odiosa proibição.
Ferênice, uma jovem viúva de Rodes, descendia de uma famosa linhagem de atletas, pois seu pai e três de seus irmãos, em anos diferentes, haviam saído vitoriosos na Olimpíada. Quando o marido morreu, ela tomou a si o desafio de continuar o treinamento do filho, jovem pugilista que prometia, pela força e destreza, tornar-se também um campeão.
Ocultando suas formas femininas debaixo das vestes rústicas dos treinadores de ginastas, entrou com o filho em Olímpia e assim, disfarçada de homem, pôde acompanhar, emocionada, o brilhante desempenho do jovem, que venceu, do início ao fim da disputa, todos os confrontos da categoria juvenil.
No instante em que o filho ia ser coroado vencedor, Ferênice não mais se conteve e correu em direção ao pódio; porém, ao saltar a mureta que separava os atletas do público, sua túnica rasgou quase na linha da cintura, levando todos os presentes – inclusive os severos membros da comissão julgadora – a constatarem, escandalizados, que estavam diante de uma mulher. Em sua defesa, ela invocou o renome olímpico da família e declarou que não viera ali para afrontar a lei, mas para imortalizar, com a vitória do filho, o pai recém-falecido.
Os juízes entenderam que o motivo era nobre e pouparam-lhe a vida, mas o exemplo dessa mãe e esposa exemplar fez com que introduzissem uma importante mudança no regulamento dos jogos. Estaria liberada, enfim, a presença feminina na Olimpíada? Não, caro leitor, que aqueles lá eram duros de roer. Eles simplesmente decretaram que, a partir daquele dia, os treinadores deveriam se despir completamente antes de passar pelos portões...
14 – Quando Albert Einstein trabalhou na Califórnia, foi acolhido com o entusiasmo que seu gênio merecia. Os atores e os dirigentes dos grandes estúdios disputavam sua companhia, convidando-o para as melhores festas da capital do cinema.
Certa feita, num jantar com Charles Chaplin, seu ator favorito, Einstein fez-lhe um sincero elogio: “Sua arte é universal, meu amigo; todo o mundo o entende e admira” – ao que o outro, bem humorado, respondeu: “Pois sua obra é muito mais digna de respeito: todo o mundo admira, mas quase ninguém entende”. Alguém que chegasse naquele momento juraria que Chaplin estava falando sobre as mulheres.
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