sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011



04 de fevereiro de 2011 | N° 16601
PAULO SANT’ANA


Traição quadrúplice

E depois vem a história de um amigo meu que estava sendo traído pela mulher e resolveu partir para o revide: traiu-a também, com a melhor amiga de sua esposa. E contou para sua esposa.

A esposa do meu amigo disse para ele: “Mas não precisavas ter sido tão exato: eu estava te traindo com o marido da mulher com quem prevaricaste”.

E um outro amigo meu, que mora em quarto separado da sua mulher, teve o aparelho de ar condicionado de seu quarto estragado.

Enquanto isso, por incrível coincidência, o aparelho de ar condicionado do quarto da mulher de meu amigo também estragou.

Com o calor terrível que vem fazendo, o casal foi obrigado a fazer o que não fazia há muitos anos: foram dormir juntos no quarto de hóspedes, onde havia ar condicionado perfeito.

Eles ficaram a noite inteira refrigerados pelo ar mas sufocados pelo confronto direto dos seus corpos.

Lula aprendeu com Fernando Henrique: eleito sem maioria no Congresso, deu um jeito e fez maioria, depois de excruciantes negociações.

Agora, Tarso Genro imita talentosamente Lula: constituiu um secretariado de siglas diversas, conseguindo, assim, maioria na Assembleia Legislativa.

A nossa democracia é interessante: os eleitores escolhem um governante mas têm o cuidado de eleger simultaneamente um Legislativo que lhe faça oposição, que o vigie, que o fiscalize.

Mas aí acontecem as alianças e o múnus do eleitorado cai por terra.

Não tenho nada contra as alianças. Quem for competente e talentoso que as construa.

Mas, se eu voto num governante e ao mesmo tempo num parlamentar para lhe fazer oposição, como fica, depois da aliança, o conteúdo do meu voto?

Não seria melhor, para evitar isso, que se vinculasse o voto de cima abaixo?

Ainda não terminou a novela aquela do cidadão que foi se queixar na Justiça de Novo Hamburgo e não havia expediente na sexta-feira à tarde.

Agora mesmo, a Associação dos Servidores da Justiça do RS está exigindo que eu corrija: chamei-a de “Sindicato”. Mas é Associação.

Que querem mais que eu faça, que querem mais que eu corrija? Até quando vai essa chorumela?

Eu juro que nunca mais defendo consumidor. Que nenhum consumidor, de hoje em diante, venha se queixar para mim.

É muita incomodação!

Sei que é cavaco do meu ofício escrever uma coluna e depois ter de escrever mais outras duas para dar vez ao direito de resposta.

Só que, enquanto isto, perco tempo e espaço para escrever outras coisas novas.

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