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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
03 de fevereiro de 2011 | N° 16600
PAULO SANT’ANA
Ânsia punitiva
Um dos defeitos humanos mais notáveis é o de que somos tentados a punir diante dos menores deslizes dos outros.
Ficamos à espreita de que os outros errem para em seguida desatarmos sobre eles o nosso processo punitivo.
A qualquer erro alheio, retribuímos imediatamente com a crítica, a censura e não raro o rompimento de relações.
Do que eu reclamo é do impulso punitivo antes de qualquer tendência de tolerância e de perdão.
Parece intrínseca à natureza humana a tendência de punição.
Evidentemente que não é só de punitivos que se constitui a natureza humana. Há também as pessoas tolerantes, clementes, inclinadas a perdoar.
Mas eu estou reclamando é dos que se arremessam a punir, sem antes refletir e revelar propósito de perdão.
Eu confesso que sinto medo dos punitivos. Eles ficam atrás do toco, à espera dos menores erros dos outros, para então se revelarem implacáveis nas sanções. Eu piso em ovos.
Eu estou falando das relações simples entre as pessoas, inclusive nas relações de parentesco.
Mas isso acontece também nas relações públicas e institucionais.
Por exemplo, os jornais estão todos os dias crivados de notícias de setores da sociedade que desejam o aumento de penas para diversos crimes. De lambujem, esses setores clamam por aumento da faixa de idade da responsabilidade penal, solicitando que se faça uma lei para tornar os maiores de 16 anos imputáveis, mais abrangente do que os 18 anos que constam atualmente.
Além disso, há uma obsessão entre as multidões para que sejam presos todos os bandidos, todos os assaltantes, todos os fora da lei.
Querem que prendam os banidos que estão soltos e arrebentem os que estão presos.
Eu nunca entendi essa compulsão popular para que todos os delinquentes sejam presos. Afinal, não há lugar nas cadeias para mais ninguém.
Mas querem e insistem para que prendam e arrebentem.
Seria mais racional a essa ânsia punitiva que primeiro pregasse a construção de presídios, então haveria vagas para os que se deseja que sejam presos.
Nitidamente, essas multidões sedentas de punições para os bandidos, ao não se preocupar em construção de presídios, querem que os presos que elas preconizam sejam amontoados como ratos nos raros presídios. E apodreçam por lá.
Para essa gente, tem de haver punição. Tem de punir, tem de apenar, tem de arrebentar.
Interessante essa vocação humana para punir. Ela é muito mais saliente, numerosa e notável que qualquer indício de perdão, de anistia, de clemência e de tolerância.
Tanto, que há poucos dias, quando o presidente Lula decretou o indulto de Natal, numerosas vozes se ergueram contra o ato presidencial.
“Ora, soltar bandidos. Tem é de prendê-los”, devem ter pensado.
Sem falar na pena de morte, que é hoje uma unanimidade nacional.
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