A melhor biografia do homem mais complexo de seu tempo
CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA - DIVULGAÇÃO/JC
O jornalista e escritor João do Rio, cujo nome de batismo era Paulo Alberto Coelho Barreto, nasceu no Rio de Janeiro em 1881 e lá faleceu em 1921.
Cem mil pessoas acompanharam o féretro daquele que todos os contemporâneos consideraram o homem mais complexo de seu tempo. João do Rio nasceu quase pobre e ascendeu socialmente, conquistando a fama e o ódio que ela desperta nos menos talentosos.
João do Rio - vida, paixão e obra do jornalista e pesquisador carioca João Carlos Rodrigues é, sem dúvida, a melhor biografia de uma das figuras mais originais, independentes, brilhantes, fecundas e pioneiras que nosso jornalismo e nossa literatura já produziram. João do Rio com seu talento e sua criatividade reuniu crônica e reportagem num mesmo gênero que esbanjava originalidade e mudou a forma de escrever em jornais.
Mestre da sátira política e do humor, João do Rio era negro e assumia sua ambígua sexualidade no Rio ainda preconceituoso das primeiras décadas do século XX. João Carlos Rodrigues, com seu texto, acertou em cheio ao unir vida e obra do biografado e sua narrativa, com graça e talento, mais ritmo cinematográfico e romanesco, de quebra, reteve o fascínio da belle époque tardia que o País conheceu, mostrando cenários e personagens inesquecíveis do Rio do início do século. João do Rio não era cronista de redação ou de gabinete.
Gostava de flanar, vagabundear dia e noite e depois refletir sobre o que chamava de “as almas das ruas”. Achava que o cronista tinha de ser também repórter e andar por aí, nas rodas da população, portando o vírus da observação ligado ao da vadiagem.
O escritor e jornalista João Antônio, na orelha, escreveu que João do Rio, enfiado no jornalismo desde a adolescência, irrequieto e atento à vida em todas as camadas da sociedade de seu tempo, e mercê de seu talento, natural que aos vinte e poucos anos tivesse a evidência e a consideração entre os maiores.
João do Rio não teve medo de lançar farpas no poderoso senador Pinheiro Machado e em outros figurões da República Velha e retratou, como poucos, a cidade em transformação, com seus tipos, seus hábitos e sua elite já muito malandra.
Em 1910, aos vinte e nove anos, João do Rio, que conviveu com Isadora Duncan no Rio em 1916, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Como se vê, uma vida, um tempo, uma obra e um livro imperdíveis. Civilização Brasileira, 308 páginas, mdireto@record.com.br.
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