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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
03 de janeiro de 2011 | N° 16569
L. F. VERISSIMO
O alemão
Cheguei ao Botafogo via Internacional. O Pirilo tinha vindo do Sul para jogar no Botafogo. Depois veio o Ávila, centromédio (naquele tempo ainda se dizia centromédio), um negro forte, peça importante da grande máquina de jogar futebol que era o Internacional da década de 40. Tão grande que teve três jogadores convocados para a Seleção Brasileira de 50: Nena, Tesourinha e Adãozinho.
Nenhum dos três chegou a jogar na fatídica Copa daquele ano, o que para a minha mente juvenil explicou nosso fracasso. Há pouco tempo morreu o Nena, e o noticiário disse que ele era o último remanescente daquele Inter mítico. Deduzi que o Ávila também já tinha morrido.
Depois do Ávila, seu substituto no Inter, o Ruarinho, também foi para o Botafogo, o que só reforçou minha decisão de ser botafoguense desde recém-nascido. Naquele tempo a gente tinha time em toda parte.
Nunca saberei o que me levou a “ser” Tottenham Hotspurs na Inglaterra, Racing (hoje Paris Saint-Germain) na França, Colo Colo no Chile ou Atlético Mineiro em Belo Horizonte, mas eram os meus times, entre muitos outros (eu vibrava com as vitórias do Dínamo na Rússia embora nem soubesse a cor da sua camiseta).
Nenhum, no entanto, era o meu segundo time com a intensidade do Botafogo. Quando fui morar no Rio não perdia jogo de Garrincha, Quarentinha e Cia no Maracanã. E tudo começou com o Ávila.
Mas eu já não morava no Rio quando outro centromédio do Sul foi jogar no Botafogo. Este era um loiro ainda maior do que o Ávila chamado Elton. Vinha do Grêmio, onde tinha se transformado numa espécie de símbolo do futebol duro, feio e efetivo imposto pelo treinador Foguinho, um pioneiro do outrora chamado “futebol força” pouco reconhecido fora do seu Estado.
O Elton foi um dos protótipos do “cabeça de área”, nome depois misericordiosamente mudado para “volante de contenção”. Não se esperasse do alemão Elton nenhuma jogada de brilho. Não se poderia nem descrevê-lo como um Dunga antes do tempo, porque não tinha o passe longo do Dunga. Seu talento era de desarmador. O que não impedia que, vez que outra, aparecesse sorrateiramente na frente e até marcasse seus gols.
Não me lembro como o Elton se deu no Botafogo. Era, de certa forma, a antítese de tudo que os cariocas gostam no futebol. Quando saiu do Botafogo, fez o inverso dos meus ídolos do passado – foi jogar no Inter.
Onde também acabou sendo um símbolo, no caso de uma transformação no modo de jogar do time, que na época era constantemente derrotado pelo futebol mais forte e objetivo do Grêmio moldado pelo Foguinho. Foi o precursor do Inter que, anos mais tarde, jogando sério como ele, foi oito vezes seguidas campeão do Estado e três vezes campeão brasileiro.
O Elton também morreu, há dias. Não deve ter lhe passado pela cabeça que foi um nome histórico. Mas, pelo menos na minha história sentimental, ele foi um herói.
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