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segunda-feira, 9 de junho de 2008
POR BAIXO DO PONCHE VERDE
A Revolução Farroupilha é o nosso carma. Nunca vamos parar de falar nela. É a nossa Capitu. Afinal, os farroupilhas traíram ou não os negros que lutaram com eles sob a promessa de libertação?
Em 15 de janeiro de 1845, Caxias enviou a Moringue uma correspondência que rasura o mito da Convenção de Paz em Ponche Verde e revela o que estava em jogo:
Os rebeldes pediram, por intermédio de Fontoura, licença para se reunirem todos em um ponto que eu quisesse marcar, a fim de aí deliberarem a sua dispersão, e a entrega dos escravos, e eu lhes marquei a Estância dos Cunha em Ponche Verde'. Entenderam?
Os rebeldes pediram um local onde pudessem entregar os negros ao 'pacificador'. Esse era o ponto que realmente interessava ao final da longa guerra civil.
Na mesma carta, Caxias salienta a importância da entrega dos negros e diz o que pensa dos chefes farroupilhas, que o consideravam um lorde:
Como essa gente tem sempre tratado de má-fé todas as vezes que se tem falado em conciliação, quero estar também com as nossas forças reunidas para lhes sair perto, no caso em que não concordem em me entregar os negros para eu deliberar o que convier sobre eles'.
Alguma dúvida? Tem mais: 'Como Bento Gonçalves tem talvez de passar para cá, e não é de toda a confiança nesse negócio em que está empenhado o Davi e sua gente, será bom prevenir ao Comandante do Piratini para estar com cautela'.
Caxias sabia também fazer elogios comprometedores. Vejam o que diz nesta sincera carta ao ministro da Guerra: 'Davi Canabarro é hoje o chefe em cuja boa-fé mais confio, e ele me promete ser o primeiro passo logo que chegue ao ponto marcado mandar entregar todos os escravos que ainda conserva em armas, e que formam a sua principal força...'. David cumpriu a palavra. Caxias, na mesma carta ao ministro, ainda cutucou mais um pouco:
'Bento Gonçalves e Netto mostram-se pouco satisfeitos pela deliberação que vai tomar Davi, porém como pouco ou nada podem fazer, creio que se conformarão com o que resolver a maioria do partido, e no caso que isso não façam, eu já tenho entre eles quem nos entregue, para eu os remeter a S.M. O Imperador'.
Alguns entendem que Caxias estava ludibriando os seus superiores, algo grave para um militar, mas os fatos mostram que ele estava ludibriando os farrapos, que, por outro lado, ludibriaram os negros. Normal. Bento Gonçalves, em carta de 6 de março de 1845 a Dionísio Amaro da Silveira, rasga-se em elogios e críticas:
'O resultado de tanta asneira foi ser batida vergonhosamente aquela massa desordenada – na surpresa de Porongos – e por fim termos uma paz, que só conseguimos algumas vantagens pela generosidade do Barão, desse homem verdadeiramente amigo dos rio-grandenses'.
Caxias, em 29 de dezembro de 1844, diz ao ministro da Guerra que Bento só esperava 'a volta de Fontoura dessa Corte para novamente me pedir anistia'. Novamente? Não era desonra?
Caxias não deixou de louvar para o seu ministro os bons trabalhos de Antônio Vicente da Fontoura e Canabarro: 'Julgo de meu dever fazer saber a V. Excia, que Antônio Vicente da Fontoura conduziu-se em tudo quanto o encarreguei relativamente aos arranjos conciliatórios, com boa fé (...) encontrando decidido apoio em Davi Canabarro...'.
Caxias e Canabarro, porém, não se encontraram em Ponche Verde. O barão e os farrapos jamais assinaram seus nomes juntos num acordo de paz.
juremir@correiodopovo.com.br
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