quinta-feira, 5 de junho de 2008


ELIANE CANTANHÊDE

A onda Obama

SANTA FÉ - A confirmação da candidatura Obama, apesar de recebida com frieza aqui no Novo México, onde Hillary ganhou as primárias, foi suficiente para que as pessoas nas ruas, em hotéis e em lojas já admitissem votar nele.

Todos juram que McCain tem enormes chances, mas eleições são como ondas, e a onda da vez é Obama. No Novo México, Nevada e Colorado, temas como água e gasolina são essenciais. Trata-se de uma região monotonamente desértica, com uns poucos tufos verdes, em que as reservas de água são mais consumidas do que repostas. O risco é de desabastecimento.

Quanto à gasolina: as cidades não são exatamente cidades, são pequenas aglomerações dispersas, aqui e ali, ao longo de auto-estradas retas e intermináveis.

As distâncias parecem infinitas, e gastam-se fortunas com combustível, que anda pela hora da morte. Bill Hume, principal assessor político do governador Bill Richardson, contou que viaja em torno de 60 km por dia e gasta US$ 500 por mês de gasolina. Até por isso, Richardson é ferrenho defensor dos biocombustíveis, e isso quer dizer muito.

Ele foi senador e secretário de Energia do governo Clinton e é a estrela política dos latinos, cotado inclusive para ser vice ou secretário de Estado de Obama.

Então, Obama fará dos biocombustíveis uma bandeira? Improvável, porque um democrata do sul não é igual a um do norte, nem um latino da costa oeste é igual a um da costa leste, e ele precisa falar para todos. Defender o biocombustível é criar encrenca com a turma da agropecuária. Se o preço da gasolina está pela hora da morte, o dos alimentos não fica atrás.

Outro tema delicado é o Iraque. O país todo é contra, mas os latinos são os mais "patriotas", os que mais vão à guerra -e morrem. E o Novo México tem três bases militares.

O vento é a favor de Obama, mas ele precisa equilibrar o discurso, para não cobrir o leste e descobrir o oeste.

elianec@uol.com.br

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