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quinta-feira, 12 de junho de 2008
12 de junho de 2008
N° 15630 - Luis Fernando Verissimo
Desagravo
Vendo a excelente versão brasileira do The Sound of Music, do Richard Rodgers e do Oscar Hammerstein, no renovado teatro Casa Grande no Rio, me lembrei que uma vez pensei em lançar uma campanha de desagravo a Elsa Schräder, a universalmente odiada Baronesa, que quase se casa com o capitão Von Trapp na peça e no filme, antes de ele descobrir seu amor por Maria.
Não sei se é a minha queda por causas difíceis (o socialismo, o Botafogo), mas o fato é que sempre achei a Baronesa uma injustiçada.
Em Londres tem um cinema que passa A Noviça Rebelde sem parar e as pessoas vão assistir ao filme vestidas como os personagens. Vai gente até como nazista, mas não só ninguém se fantasia de Elsa Schräder como uma das frases promocionais do cinema é "Venha cantar junto com o elenco - e vaiar a Baronesa!"
Uma injustiça. A Baronesa tem uma classe invejável, mais classe do que qualquer outro no filme. Resiste, com impressionante autocontrole, à natural tentação de esgoelar as crianças uma a uma.
Aceita a perda do capitão milionário para Maria sem um comentário mais sarcástico sequer para a rival, tipo "Insista na comunhão de bens, querida - e, por favor, livre-se desse casaquinho". Nem adverte o capitão de que a doce Maria pode ter trazido a música de volta à sua casa mas também aumentará a glicose no seu sangue.
Sai de cena com a mesma classe com que entrou, quando qualquer outra mulher deixaria um rasgão num estofado ou carregaria um vaso caro na bolsa. E confesso que sonho com uma versão da peça em que, antes de sair pela porta, a Baronesa vire-se para o capitão Von Trapp e diga:
- Tem uma coisa que sempre me intrigou, capitão. Ser comandante da marinha austríaca não é um pouco como ser comandante de tropas alpinas no Egito?
Não sei se minha campanha para desagravar a Baronesa teria adeptos. Nem sei como procederíamos. Piquetes em frente ao teatro? Torcida organizada - "Ba-ro-ne-sa! Ba-ro-ne-sa!" - dentro do teatro? Não sei.
Na peça, e na versão brasileira, há um número em que a Baronesa canta, o que não acontece no filme. Pelo menos isso.
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